Foi há 25 anos que Portugal deu o primeiro passo para proteger o mirandês, a segunda língua oficial do país. O mirandês foi alçado a segunda língua de Portugal a 17 de setembro de 1998. O mirandês é falado no nordeste transmontano. Mesmo sendo uma língua oficial que se aprende nas escolas de Miranda do Douro (há mais de 30 anos), a maior das línguas minoritárias em Portugal luta arduamente para manter-se viva. O mirandês consegue ser uma língua mais completa que o português.
Este idioma viveu ao longo dos séculos graças a tradição oral. Actualmente cerca de 80% dos jovens e crianças, do pré-escolar ao 12º ano, aprendem a falar e a escrever mirandês, apesar de ser uma disciplina opcional. Mesmo havendo 400 alunos, estes não tem as mesmas condições daqueles que aprendem português ou espanhol nas escolas do país. Isto acontece porque existem poucos manuais escolares de mirandês.
Teme-se que a língua mirandesa possa desaparecer em apenas 30 anos caso não seja feito algo para o impedir. Esta estimativa foi feita por um estudo publicado, recentemente, pela Universidade de Vigo. Esta instituição estima em cerca de 3.500 o número de pessoas que conhecem o mirandês, mas apenas 1.500 usam-na regularmente.
Os mais velhos são aqueles que mais defendem o mirandês, uma língua que também é colocada em causa devido ao despovoamento. Quem visita as aldeias de Miranda do Douro encontra a toponímia destes locais com os nomes inscritos em ambas as línguas. Também existem várias obras literárias, originais e traduzidas, escritas em mirandês. Para que o mirandês consiga o reconhecimento internacional que merece, Portugal iniciou, há dois anos, o processo para aderir a Carta Europeia das Línguas Minoritárias. Assim que tal adesão esteja terminada, o mirandês vai passar a ser usado nas instituições públicas.