Sabaria inicia em Coimbra o Quinto Centenário de Camões

Comparte el artículo:

Pode um desejo imenso, romance de Frederico Lourenço, professor da Faculdade de Estudos Clássicos e Humanísticos de Coimbra, é a mais recente publicação da editora Sabaria.

Frederico Lourenço é um prestigioso helenista. Recentemente publicou a obra completa de Horacio. As suas traduções da Ilíada e da Odisseia de Homero foram premiadas em Portugal e recevem toda a admiração dos tradutores do grego clássico em espanha. Pela sua formação é um humanista do século XXI. Na sua primeira infância viveu em Oxford, sendo a língua inglesa uma língua primeira e até mesmo a sua língua materna. Nas suas palavras define língua materna como aquela com que falamos com nós mesmos. Depois estudou francês no liceu francês de Lisboa e alemão.

Escreveu Grécia revisitada, ensaio que dedica ao seu pai, profesor, escritor, poeta e notável inteletual, MS Lourenço. Numa entrevista levada a cabo por Anabela Mota Ribeiro afirma ter sido o seu pai quem lhe ensinou que em termos de beleza e profundidade os gregos são insupeáveis.

Até aos vinte anos o futuro de Frederico Lourenço parecia passar por se tornar num grande pianista. No entanto, a vida tem essas coisas e acabou por começar estudos de latim e grego, deixando um bocado atrás o piano.

Em 2008, estreou no Teatro da Cornucópia de Lisboa a sua versão da peça Don Carlos de Friedrich Schiller, com encenação de Luís Miguel Cintra.

Também tem publicado livros de poesía, Resulta difícil, por tanto, reduzir as suas multiplas facetas de criação e estudo.

O título: Pode um desejo imenso, é o primeiro verso da Ode VI da edição de 1598 das Rimas de Camões. Trata-se de um romance dividido em três partes: Pode um desejo imenso, O curso das estrelas e Á beira do mundo.

O romance convida a uma revisitação da obra homoerótica camoniana assim como a releitura dos poetas da antiguidade clássica. Esta intertextualidade insere-se numa teia de ficção onde o protagonista Nuno Galvão mostra ao leitor um percurso pelo ambiente académico com as suas luzes e as suas sombras, onde começam a aparecer personagens cativantes: alunos, colegas, amigos, vizinhos, parentes, apontando assim, também, para uma visão de Portugal. É, sem dúvida, um romance de inesgotáveis leituras.

Sabaria tem o enorme prazer de apresentar aos leitores espanhóis este romance no ano em que tudo está a postos para as comemorações do V Centenário de Camões.

Esta primeira paragem em Coimbra não só traz à memoria a hipótese de Camões ter estudado na Universidade de Coimbra, como também a recordação da Quinta das Lágrimas e a tragédia de Inês de Castro, dama galega por quem Pedro I se apaixonou, e que Camões cantou. Em Coimbra, a antiga Quinta do Pombar, hoje Quinta das Lágrimas, acolhe a fundação Inês de Castro. E muito perto, fica o lugar onde Inês foi assassinada em 1355, pelo facto de esta paixão pôr em causa o destino de Portugal, segundo Afonso IV, pai de Pedro I.

Esta historia apresentando factos reais, tem, sem dúvida, qualquer coisa de mito. Essa paixão de caixão à cova, o sogro e avô, Afonso IV na figura de assassino, a extrema crueldade da vingança de Pedro I, o rumor de que foi feita raínha após a sua morte, o facto de a corte toda ser obrigada ao beija-mão de Inês morta, são imagens que contribuiram para a criação do mito e o seu continuo motivo literário, quer na literatura portuguesa, quer na literatura espanhola.

Inês era uma dama do séquito de Constança, esposa do príncipe Pedro. Constança tinha vindo de Castela e era a filha do nobre e escritor Don Juan Manuel, príncipe de Villena, o autor do livro: El Conde Lucanor e a quem pertenceu o Castelo de Peñafiel em Valladolid.

 

Concha López Jambrina

Noticias Relacionadas