Iberista convicto, o autor Arturo Pérez-Reverte defende a criação de um «Ministério para os Assuntos Ibéricos»

Estes ministros, que teriam como objetivo reforçar laços culturais e sociais partilhados, ajudariam o território ibérico a se tornar numa potência europeia

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«Devíamos ter Ministérios de Assuntos Ibéricos, mas Portugal e Espanha são estúpidos», pelo menos é o que acredita Arturo Pérez-Reverte, um dos mais importantes escritores de língua espanhola do último século. O «Capitão Alatriste» e a «Rainha do Sul» são duas das suas obras mais conhecidas.

«Se formos sérios, temos a mesma história, se viemos do mesmo sítio, fomos igualmente maltratados por um ou por outro. Sofremos ditaduras, passámos pela miséria, entendemo-nos bem, conhecemo-nos muito bem, sobretudo os portugueses conhecem os espanhóis; os espanhóis sempre viraram as costas a Portugal. Por outras palavras, sou um iberista convicto«, disse em conversa recente com a TSF. Arturo Pérez-Reverte inspira-se num território ibérico que vai do Mediterrâneo ao Atlântico, sem fronteiras nem prejuízos.

Iberista convicto, lamenta o desdém com o qual Bruxelas vê o sul da Europa e acredita que se Portugal e Espanha tivessem um Ministério dos Assuntos Ibéricos, coordenados para implementar muitos dos acordos que saem das Cimeiras ibéricas, poderiam transformar este território numa potência europeia. Estes ministros com a pasta dos assuntos ibéricos teriam como objetivo reforçar os laços culturais, sociais e económicos que nos unem. Várias foram as ocasiões, a última foi o apoio que Espanha prestou a Portugal nos últimos incêndios, que demonstraram que as barreiras não existem quando os povos não as querem. O que vemos na Raia.

Pérez-Reverte, que tem o seu mais recente livro inspirado na revolução mexicana, sempre foi um iberista confesso. Mas lamenta que, aos poucos, a Europa esteja a perder as memórias que nomes como Cervantes ou Eça de Queirós ajudaram a construir. Culpa a ascensão dos extremismos e o turismo de massas como culpados, algo que podemos ver mesmo em Lisboa (cidade mais antiga do que Roma). As pessoas não querem conhecer a sua história, apenas tirar uma foto para publicar nas redes sociais. «A Lisboa bonita, elegante e maravilhosa está morta. Está morta, não a reconheço», lamentou aos meios de comunicação sociais portugueses o autor espanhol. Segundo o escritor, Madrid e Barcelona já sofreram o mesmo problema. Em várias localidades vemos protestos contra o turismo de massas e os locais pedem que os políticos escolham entre o seu bem-estar e os ganhos económicos que o turismo traz.

O também jornalista esteve em Portugal para publicitar a sua mais recente obra (baseada na Revolução Mexicana). Outro livro, «A ilha da mulher adormecida» vai ser lançado dentro de duas semanas em Espanha.

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