Bases do “I Prémio Nostradamus 2020”

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Poderão participar, no Prémio Nostradamus 2020, aqueles que tenham a melhor memória falsa documentada, todos os que em quarentena previram e propuseram a solução “a priori” mais lógica e perfeita para a pandemia do Coronavírus. Obviamente, eles devem ter pensado e documentado isso antes de toda a comunidade científica mundial.

SÓ PODERÃO CANDIDATAR-SE aqueles que estão confinados, os críticos da gestão da crise que não participem directamente nas tarefas práticas de emergência e que não trabalhem no sector alimentar ou de produção de ventiladores e de restante material médico.

FICAM EXCLUIDOS aqueles legítimos críticos não confinados que lutam na primeira linha contra o Coronavirus e procuram soluções práticas. Igualmente excluídos estão aqueles críticos confinados que não o façam com humildade ou honestidade, por exemplo, contextualizando a falta de financiamento, anos antes, das investigações sobre o SARS, pondo o foco na falta de previsão dos serviços secretos e dos sempre prestigiosos Think Tanks geopolíticos. Também estão excluídos aqueles críticos com propostas viáveis, construtivas e realistas para uma luta sustentável e eficaz contra o vírus. Fica excluído, desta mesma forma, Bill Gates, o único a afirmar, há cinco anos, que os estados não estavam preparados para esta pandemia.

Segundo as Bases do I Prémio Nostradamus 2020, entre os requisitos exigidos para concorrer a este galardão, terá que demonstrar documentalmente:

1) QUE O AUTOR NÃO TENHA UMA PUBLICAÇÃO OU REGISTRO DE IMPACTO que demonstre a sua predição.

2) QUE O AUTOR TENHA REALIZADO VÁRIAS PREDIÇÕES DISTINTAS SOBRE ESTA EPIDEMIA E OUTROS “APOCALIPSES” COM DESIGUAL ACERTO. Deve-se demonstrar uma “credibilidade zero”.

3) QUE O AUTOR NÃO SE TENHA SUBMETIDO A CRÍTICA dos investigadores veteranos do SARS e dos especialistas da economia de guerra.

Por outro lado, SE VALORIZA POSITIVAMENTE aquelas contribuições de científicos ou políticos, validados por modelos matemáticos, que as consequências económicas de um encerramento total e insustentável leve a escassez de alimentos, o saneamento, o colapso das cadeias de produção e da distribuição de novas actividades estimuladas por uma demanda “caseira” para aqueles que estão de quarentena. Além de serem necessárias para IGNORAR, no modelo matemático, um cenário de desemprego total que leve a um caos social e a falência do estado (e com ele, da saúde pública).

ESPECIALMENTE APRECIADOS, neste I Prémio Nostradamus 2020, serão aqueles trabalhos que se aproveitem da crise sanitária para aplicar uma “solução nacionalista” para o Coronavirus. A hipótese sobre o “vírus chinês” ou o “vírus espanhol” são bem-vindas. Podem anexar entrevistas à BBC para mentir e difamar o país e o próprio estado, ou até mesmo pedidos miseráveis ​​de prisão generalizada, via o whatsapp, contra os nossos líderes políticos.

Aqui estão as bases do irónico Prémio Nostradamus 2020.

Pela humildade e o maior respeito pela dramática situação, é conveniente reconhecer este fenómeno humano ao qual o Presidente do Governo, Pedro Sánchez, descreveu da seguinte maneira:

“O ser-humano sucumbe com frequência ao que se conhece como o viés retrospectivo. É que, uma vez que as pessoas conhecem o resultado de um evento, elas tendem a pensar que poderiam ter previsto esse resultado com antecedência. É óbvio que, com o que sabemos hoje, o mundo não teria agido da mesma maneira ontem. É óbvio que, se a China soubesse as consequências deste surto, teria agido de uma maneira diferente. É óbvio que a França não teria realizado o primeiro turno das eleições locais se soubesse que deveria cancelar o segundo turno dois dias depois. O Estado de Alarme foi decretado quando se tinha certeza de que é essencial e foi somente então depois disso. Porque os direitos que restringe e os activos que coloca em jogo são valiosos o suficiente para serem preservados até ao último momento. (…) O Governo promoverá uma Comissão de Estudo e Avaliação que analise rigorosamente a situação em que se encontra a Saúde Pública e elabore um Livro Branco para fazer os ajustes e mudanças que julgar necessárias”.

Este artigo procura reflectir sobre os enganos e os auto-enganos, de boa e má fé, que acontecem actualmente com os nossos pensamentos e sentimentos. A convergência fatal e trágica de um pânico justificado, com uns pensamentos criados e confinados na base de falsas recordações que nos fazem reflectir sobre a maneira que os humanos agem nestas circunstâncias. O meu pensamento está com aqueles que estão na acção em primeiro lugar e, em segundo, com aqueles que obedecem de uma forma estóica e mostram o seu apoio com aqueles que estão na luta na primeira linha contra o Coronavirus. O meu desprezo está com os falsos profetas, os sectários de bandeira e os MacGyvers da sala de estar.

PS: And de winner of Nostradamus Awards 2020 is…. Capitão “A Posteriori”, personagem de ficção da série “South Park”. Vão entender quando vejam o vídeo.

 

Pablo González Velasco é coordenador geral de O TRAPÉZIO e doutorando em antropologia ibero-americana na Universidade de Salamanca

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