Caminhar até Santiago, o destino da união

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Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, defendeu recentemente a adoção de uma estratégia ibérica coordenada a nível internacional. Com a base pensada em torno do modelo Benelux – constituído pela Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo-, deu-lhe o nome de Iberolux. O autarca português defende vários pilares e avança com tópicos que tocam áreas distintas e, entre elas, surgem os Caminhos de Santiago de Compostela.

Ainda que muitos continuem a usar a força do corpo para pagar promessas, multiplicam-se casos de quem quer apenas fazer um teste à sua resistência física ou simplesmente encontrar uma forma de ter tempo para refletir sobre a vida. Fazem-se cada vez mais peregrinações em várias alturas do ano, não importa a nacionalidade, classe social ou idade: há sempre alguém a caminho. Vive-se o presente e deixa-se o passado a cada passo. O caminho é pelas setas. O futuro avizinha-se em formato de contagem decrescente, de placa a placa. Não faltam casos em que o mais importante não é sequer chegar. É o que se passa ali, nos diversos momentos. A religião ainda é um motivo, mas não faltam histórias de grupos de amigos que se reúnem e simplesmente partem à descoberta.

A história do Caminho de Santiago perde-se completamente no tempo e cruza-se com a lenda do destino de São Tiago. A oficina do Peregrino sublinha que foi pela mão do Arcebispo Diego Gelmírez que Santiago se transformou numa rota de peregrinação do mesmo nível de Jerusalém ou de Roma. No entanto, a mudança chegou e, no século XXI, ainda que existam também motivos religiosos misturam-se cada vez mais tanto com o turismo como com a cultura.

Há peregrinos de todas as nacionalidades e as possibilidades de partida perdem-se na malha de percursos possíveis, mas uma coisa é certa: todos vão dar a Santiago de Compostela e o número de peregrinos não tem parado de aumentar nos últimos anos.

O crescimento é de tal forma acentuado que qualquer número é capaz de impressionar. Nos últimos quatro anos, o número de peregrinos que atravessaram o concelho de Caminha, por exemplo, cresceu 143% e, só em 2019, foram registadas 63 nacionalidades, contando-se, na sua maioria, países europeus, mas também países como Guatemala ou Namíbia.

Uma outra possibilidade que tem crescido é, por exemplo, a que se faz a partir do Porto. Quem a escolhe, percorre perto de 200 quilómetros até chegar à Catedral, mas esta não é a única que tem solidificado a procura. O crescimento é global e a necessidade de olhar para os dados também. Foi em nome disto que o Norte de Portugal se juntou à Galiza para certificar os caminhos. As duas regiões querem dar as mãos para conseguirem aquilo que chamam de “grande rota europeia”. O projeto chama-se Facendo Caminho e o próprio título sugere uma união.

Os pontos de partida podem ser os mais variados e a velocidade depende da vontade e da resistência física de cada um, mas há coisas que são certas. O destino é uma delas, assim como os passos que ninguém pode dar por nós. No fundo, na vida, tal como nas peregrinações, há escolhas que têm de ser feitas. Sempre ouvi dizer que a união faz a força e, por isso, é de aplaudir que a Galiza e o Norte de Portugal se juntem neste projeto. Dizem os peregrinos que fazer o caminho tem o poder de mudar uma vida. Esperemos que trilhar o caminho da união traga exatamente este poder de mudança e que possa ser sempre em nome de algo melhor, seja economicamente, culturalmente ou em ofertas melhoradas para os peregrinos.

 

Sofia Martins Santos é jornalista e uma apaixonada pela possibilidade de descobrir e contar histórias; o que lhe interessa são as pessoas, estejam elas onde estiverem

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