Extractos do estudo “A projecção internacional do espanhol e do português” do Camões e do Cervantes

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Por fim tenho nas minhas mãos o livro bilingue “A projecção internacional do espanhol e do português: o potencial da proximidade linguística”, organizado e elaborado por especialistas do Instituto Camões e do Instituto Cervantes, com o alto patrocínio dos ministérios dos negócios estrangeiros de Espanha e Portugal.

Este estudo, que foi apresentado durante a Cimeira Ibérica da Guarda, conta com duas resenhas iniciais; uma de Luís García Montero, director do Instituto Cervantes, e outra de Luís Faro Ramos, o presidente do Instituto Camões. Montero afirma que “Portugal e Espanha são países irmãos que compartilham um barco e um destino comum na Europa e no mundo, sendo dois lados de uma mesma moeda plural. Como instituições responsáveis ​​pela difusão das nossas línguas, temos a responsabilidade acrescida de trabalharmos juntos tendo em conta o que nos une, que é praticamente tudo, deixando de lado três ou quatro fonemas, um par de características gramaticais e alguns falsos amigos que sempre dão mais espaço à piada amigável do que a qualquer outra coisa. O poder indiscutível das nossas duas línguas, graças aos seus 850 milhões de falantes potenciais entre as duas (e também levando em conta a facilidade de se entenderem com um mínimo de esforço e pouco estudo), vai muito além do meramente simbólico”. Faro Ramos escreve que “a língua portuguesa e a língua espanhola projectaram-se e viajam há largos séculos pelo mundo. Estão atualmente presentes em todas as latitudes, e têm o futuro garantido como duas das línguas globais dos tempos que estão para vir”.

Este livro contém prefácios assinados por dois ministros ibéricos. Arancha González defende que os dois países devem colaborar para “defender a presença proeminente de portugueses e espanhóis nas organizações internacionais e na União Europeia. Quase 850 milhões de pessoas no mundo podem se entender em espanhol e português. De Punta Arenas a Maputo, do Lobito a Los Angeles, de Lagos a Jaca, as nossas antigas línguas são hoje línguas em que  se comunica uma globalização dos nossos cantos do globo mas não queremos que seja monocromático mas sim de diálogo e democrático, aberto a sotaques do mundo e de ideias de progresso e de bem comum. Além disso, a semelhança da sua origem latina e da sua proximidade vital permitem uma compreensão completa das duas línguas entre os falantes de uma e da outra. Este volume, que agora é apresentado conjuntamente pelo Instituto Cervantes e pelo Instituto Camões. Não é apenas mais um mas sim a demonstração de uma comunidade de interesses baseada na convivência histórica e um incentivo ao trabalho partilhado entre linguistas e outros cientistas de Portugal e Espanha”.

O ministro português dos negócios estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou no seu prefácio que: “a proximidade entre a língua portuguesa e a língua espanhola é do ponto de vista linguístico existe e faz sentido, abrindo caminho para a intercompreensão dos seus falantes”. Santos Silva sublinhou a globalidade de ambas as línguas por ter centenas de milhões de falantes, estando presente em vários continentes e sendo dinâmica a nível demográfico e comunicacional. Também informa que o valor da língua no PIB tem um valor de 16% em Espanha e 17% em Portugal. O ministro português considera que “não há nenhuma razão para não colaborarem mais entre si” tanto entre o Cervantes e o Camões como difundindo a nível internacional: “O presente estudo inscreve-se nesta senda. Ele parece-me emblemático. Porque mobiliza as universidades e acrescenta conhecimento. Porque incide sobre um tema novo e promissor: o valor conjunto das duas línguas”. Santos Silva sustém que uma “maior afirmação global da língua portuguesa e da língua espanhola não implica concorrência, mas sim convergência; não significa diluição, mas sim concertação; não enfraquece uma em favor da outra, mas fortalece ambas. E, sobretudo, enriquece o nosso lugar comum que é o mundo, porque multiplica centros, reduz as unipolaridades, limita as hegemonias e valoriza a diversidade”.

Na segunda parte do artigo (que sairá na próxima semana), vou mergulhar nos vários trabalhos académicos incluídos neste livro, bem como nas recomendações dos especialistas sobre “a necessidade de promover um espaço linguístico e cultural compartilhado”, promovendo a intercompreensão e a cooperação entre as duas comunidades linguísticas.

Quem quiser comprar o livro pode o fazer aqui.

Pablo González Velasco

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