Quase um mês após o “incidente” do Novo Banco (onde houve uma injecção de capital de 850 milhões de euros) que levou a que António Costa e Mário Centeno se reunissem de noite, sem aviso prévio, com Marcelo Rebelo de Sousa, Centeno abandonou a pasta das finanças. Este anúncio foi feito após a discussão ao orçamento suplementar ao Orçamento do Estado para 2020, que foi alvo de um rombo devido a crise económica (o PIB cairá mais de 6%) proveniente da pandemia da Covid-19. O Orçamento Suplementar será debatido na assembleia da república a 17 de Junho.
Esta decisão de Centeno já foi aceite pelo presidente da república e o novo titular desta vaga será João Leão, que até então era secretário de estado e que vai assumir este cargo na próxima segunda-feira.
Mário Centeno, que esteve no governo de António Costa durante cinco anos e teve como grande marca o primeiro excedente orçamental em 47 anos (isto aconteceu no ano de 2019), com esta saída do executivo também vai abandonar a presidência do Eurogrupo. Isto acontece a dois meses do fim do seu mandato. Sobre quem ficará no lugar do antigo ministro, começasse já a falar de nomes como o de Pierre Gramegna (o homem forte das finanças no Luxemburgo) ou María Jesús San Segundo (a dona da pasta das finanças em Espanha).
My tenure as Eurogroup President will end on 13 July 2020. On Thursday, I will inform my Eurogroup colleagues of my decision not to seek a second mandate, as by 15 June I will step down as finance minister of Portugal. pic.twitter.com/UZ3IU4EmYB
— Mário Centeno (@mariofcenteno) June 9, 2020
Costa agradeceu o trabalho e o próximo passo pode ser o Banco de Portugal
Numa conversa com os jornalistas, e enquanto explicava as próximas medidas a serem tomadas (de onde se destaca a abertura dos centros comerciais, na região da grande Lisboa, a 15 de Junho), António Costa aproveitou a situação para agradecer o trabalho e esforço que Mário Centeno teve durante cinco anos da legislatura socialista.
Com o fim de um ciclo, um outro abre-se com a chefia de João Leão, que ao lado de Centeno participou na composição de cinco orçamentos de estado. O futuro ministro das Finanças considera essencial “concentrar os nosso esforços em termos de política de estabilização da economia, no apoio ao emprego e às empresas e na ajuda às famílias”.
Mas para onde irá Mário Centeno? Esta saída, que já era esperada há muito tempo, pode terminar com o antigo ministro das Finanças como governador do Banco de Portugal. O actual detentor deste cargo, Carlos Costa, termina o seu mandato em Julho mas sobre este caso, António Costa disse que esta é uma situação a tratar num outro momento.