A 21.ª jornada da Liga Portuguesa de Futebol, que opôs o FC do Porto (2° classificado) ao Vitória de Guimarães (8° classificado) ficou marcada por um caso de racismo que está a ‘correr o mundo’.
Ainda durante o aquecimento, enquanto os jogadores do Porto treinavam no relvado do D. Afonso Henriques (em Guimarães) ouviram-se insultos racistas dirigidos ao jogador maliano Marega. Num curto vídeo, que está a circular pelas redes sociais, podem-se ouvir alguns insultos mas a situação descambou ao minuto 71, quando o avançado marcou o golo que acabou por dar a vitória (2-1) aos dragões, que assim ficam a apenas 1 ponto do primeiro classificado, o Benfica. Depois do golo, os insultos ao avançado aumentaram e cadeiras voaram para o relvado. O jogador agarrou em uma dessas cadeiras e acabou por abandonar o campo de jogo depois de ter levado um cartão amarelo por causa dos comportamentos que apresentou.
Este caso, que não é único no ‘desporto-rei’ (o defesa brasileiro Dani Alves sofreu do mesmo quando ainda era jogador do Barcelona), está a fazer capa de inúmeros jornais desportivos a nível mundial e a reacender, em Portugal, a discussão sobre o racismo e a violência em recintos desportivos. Há um mês, o governo começou a interditar a entrada de vários adeptos, muitos ligados a conhecidas claques portuguesas, estão proibidos de entrar em estabelecimentos desportivos. Da cerca de centena de casos, metade deve-se a atitudes racistas.
A PSP está a rever as câmaras de videovigilância para conseguirem encontrar os culpados mas a discussão está lançada e nem a classe política se coíbe de comentar. Desde o presidente da república ao primeiro-ministro, sem esquecer os líderes dos principais partidos políticos (como o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista ou a Iniciativa Liberal), todos defenderam o fim do racismo, em todas as suas formas, que não tem espaço nem lugar numa sociedade avançada do século XXI. Apenas André Ventura, deputado pelo CHEGA, disse não estarmos perante um caso de descriminação.