“Espanha Vazia” apresentou o seu “modelo de desenvolvimento” no Congresso dos Deputados

A Coordenação do “Espanha Vazia” é composta por mais de 160 organizações, de 28 províncias

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A “Espanha Vazia”, que inclui também as províncias fronteiriças com Portugal, apresentou esta quarta-feira o seu modelo de desenvolvimento no Congresso dos Deputados. A chamada “Revolta da Espanha esvaziada” quer chamar a atenção dos centros urbanos de poder para levar em conta suas propostas.

José María Mezquita, coordenador da plataforma “Espanha Vazia” da província de Zamora, expôs diante do Congresso dos Deputados as suas propostas para superar as carências de uma província como a zamorana (incluindo a da Raia) em que a despopulação do mundo rural chega a limites insustentáveis. Mezquita começou a sua intervenção colocando relevo um tema chave: a fiscalidade nas zonas rurais, com duas linhas chaves, a primeira consiste num tratamento diferencial baseado numa discriminação positiva, propondo no seu modelo de desenvolvimento uma mudança nos principais impostos como é por exemplo o IRPF, IVA, Sociedades, Sucessões, Doações e  Contribuições para a Segurança Social. Pretende-se indemnizar as pessoas que já se encontram nos referidos territórios, que recebem menos serviços do que os que lhes correspondem nos termos da Constituição.

No que se refere à segunda linha prioritária, pretende-se atrair e promover o estabelecimento de empresas no meio rural, promover a contratação de trabalhadores residentes em pequenas localidades, atrair os autónomos, incentivar as pessoas a mudarem de residência para estes enclaves e transformar, reforçar e melhorar o sector primário.

No que diz respeito à tributação, Mezquita propõe uma tributação verde que compensa as zonas rurais, dando uma ideia nova: “se a tributação implica o conceito de quem polui paga, deve aplicar-se o critério inverso de quem descontamina cobra. Essa premissa abre as portas para que o trabalho dos moradores seja retribuído como agentes ambientais e protetores do meio rural”.

O líder zamorano afirmou que as políticas europeias contra a despopulação devem aplicar-se “a unidades inferiores a província para evitar o efeito distorção que grandes territórios sofrem ao fazer uma média com todo o seu ambiente. Para isso, a região é proposta como unidade básica”, afirmou.

A Coordenação da “Espanha Vazia”, que reúne mais de 160 organizações de 28 províncias, espera que cheguem fundos europeus para a recuperação e apela a uma justa transição energética.

O Professor Carlos Taibo publicou recentemente o livro “Ibéria Vaciada”, por se tratar de um problema que também é peninsular e afeta sobretudo o interior de Portugal e a Raia.