09/04/2025

Distúrbios na área de Lisboa por causa do uso excessivo da força policial que levou a uma morte

Mobiliário queimado em várias localidades da AML são a resposta a tudo o que aconteceu na Cova da Moura

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A região da Grande Lisboa tem vivido distúrbios que levaram a feridos, mobiliário urbano queimado e tiros escutados em Oeiras. Autocarros e caixotes do lixo a arderem deram uma nova luz à noite. Os lisboetas não conseguiram descansar e há quem diga que estes distúrbios vão acontecer durante toda a semana. Já com o dia, os destroços queimados tiveram que ser retirados com escolta policial. Muitos dos habitantes dos bairros onde aconteceram os distúrbios têm assistido aos últimos acontecimentos como se de um filme se tratasse.

Tudo está a acontecer ao melhor estilo dos distúrbios que estamos habituados a ver, pela televisão, em Paris ou Londres. Tudo começou na zona da Amadora mas já foram registados problemas em Sintra e até na Trafaria (no outro lado do Tejo). Estes distúrbios oferecem o contexto ideal para que os movimentos que baseiam a atividade política no ódio contra outras raças. O presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, está a acompanhar, «atentamente, os distúrbios e defende que a «segurança e a ordem pública são valores democráticos».

O PAN apela à paz social e pede que se apurem responsabilidades. Tanto para os que estão a realizar estes distúrbios, de cara tapada, como para o polícia que terá agido com excesso de força. O PS pede que ambas as partes atuem de forma moderada. O mesmo pedido foi feito pelo PCP.Odair Moniz morreu depois de ter sido baleado por um agente da autoridade na Cova da Moura, nos arredores de Lisboa. Este é um bairro problemático que só aparece no espaço público quando há algum problema.

A Cova da Moura, Buraca e a Damaia são três bairros multiétnicos que têm pessoas vindas não só de África (chamados também de «retornados») mas também do norte do país. Mesmo em 2024, as pessoas racializadas continuam a sofrer um estigma em Portugal, já que são vistas como as empregadas da limpeza que saem de casa às 5 da manhã para trabalhar em Lisboa. A morte violenta de Odair aconteceu por, supostamente, não ter parado numa operação STOP.

A família do homem de 43 anos vai apresentar queixa contra a PSP pelo arrombamento da porta de sua casa, algo que a polícia nega categoricamente. Já há detidos e a ministra responsável pela administração interna, Margarida Blasco, considera os distúrbios «perfeitamente inadmissíveis». O Livre pretende ouvir a ministra no Parlamento e acusa-a de extremar os ânimos já inflamados.