Os países da ONU (190) que participam na Cimeira assinaram o «Compromisso de Sevilha» para relançar financiamento ao desenvolvimento dos países em vias de desenvolvimento. Em Sevilha, discutiu-se o aumento da dívida, a queda do investimento e a redução da ajuda financeira. A última conferência deste género aconteceu há uma década na Etiópia. Este documento representa um avanço no combate à pobreza, apesar do afastamento dos Estados Unidos deste encontro. O «Compromisso de Sevilha» foi negociado no seio da ONU, num comité copresidido por Portugal e pelo Burundi. As ONGs lamentam que o «Compromisso de Sevilha» fique aquém das expectativas.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu aos líderes mundiais que voaram até ao sul de Espanha, muitos lusófonos (como é o caso de Umaro Sissoco Embalo, da Guiné-Bissau), uma duplicação da ajuda ao desenvolvimento para responder a um défice de biliões. E muito graças aos cortes que o Governo americano têm feito às ajudas que dá a ONU. No seu discurso, Guterres pediu o relançamento do motor do desenvolvimento», face ao «caos climático» que o mundo vive. O secretário-geral da ONU realçou que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, acordada pela comunidade internacional, «está em perigo» já que metade das suas metas estão atrasadas.
Representando Angola e a União Africana, João Lourenço apelou para a urgência de novas infraestruturas no continente, como é o caso do Corredor do Lobito (que vai contar com investimentos europeus). Lourenço também pediu reformas para acabar com o «peso insustentável» das dívidas soberanas dos países em desenvolvimento. Muitos países estão a trocar as suas dívidas por créditos climáticos, tal como Cabo Verde fez com Portugal. «África continua a ser uma das regiões mais vulneráveis mas paradoxalmente uma das menos responsável pelas emissões poluentes», reforçou o presidente de Angola.
Lourenço pediu mais investimentos em infraestruturas no continente africano
João Lourenço, que é presidente em exercício da União Africana, lembrou que a dívida pública consome mais recursos do que aqueles que os países em desenvolvimento destinam à saúde e à educação.
Depois das celebrações dos 50 anos da independência de Moçambique, o presidente Daniel Chapo voou até Sevilha para participar na conferência da ONU e aproveitou para se reunir com o rei Felipe VI, que ao lado da rainha Letízia deu um jantar de gala onde também participou o presidente de Cabo Verde, que esteve de visita não só a Espanha mas também a Portugal. Cabo Verde é visto como um «farol da democracia» e um exemplo a seguir no continente africano.
Em relação a Chapo, este esteve reunido com o monarca para reforçar a cooperação entre os dois países. «Este encontro foi uma oportunidade para reiterarmos os laços de amizade e cooperação entre Moçambique e o Reino de Espanha, bem como reafirmarmos a nossa vontade comum de aprofundar as relações bilaterais nos domínios político, económico, cultural e social», explicou a Presidência de Moçambique. Maputo olha para Espanha como um parceiro estratégico. Moçambique propôs aos presentes uma Parceria Global para Financiamento Climático. Esta foi a estreia de Moçambique nesta conferência.
Para o monarca espanhol, «o multilateralismo é o melhor e mais duradouro caminho para a paz e o progresso». O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que também marcou presença nesta Conferência, aproveitou para conhecer a Catedral de Sevilha. Para além de Montenegro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, também passou por Sevilha. Em representação do Brasil esteve a ministra Sônia Guajajara, de origem indígena. Fazer um pouco de turismo apesar das temperaturas extremamente elevadas que se vivem um pouco por todo o sul da Europa. O período de incêndios em Portugal já começou. Durante a conferência de imprensa com António Guterres e Pedro Sánchez foi anunciada a prisão do «ex-número 3» do PSOE. A conferência da ONU decorre entre Sevilha até quinta-feira.