Acolhimento de imigrantes «não é uma questão de justiça histórica, mas de inteligência», segundo o embaixador de Espanha

Embaixador de Espanha em Portugal falou sobre a imigração em território europeu, e outros assuntos, na antecâmara da próxima Cimeira Ibérica, que vai acontecer em Faro

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Para o embaixador de Espanha em Portugal, Juan Fernández Trigo, o acolhimento e integração dos imigrantes «não é uma questão de justiça histórica, mas de inteligência». No último ano, chegaram a Espanha, especialmente através das Canárias, um total de 56.852 imigrantes ilegais. O maior número de entradas tinham sido registadas em 2018. Mesmo sendo uma das portas de entrada destes migrantes no continente europeu, Espanha rejeita a criação de centros para migrantes fora da Europa. Ideia avançada pela Itália.

O executivo de Sanchez garantiu que Espanha continuará a apoiar a aplicação humanitária e solidária do Pacto de Migração e Asilo na Europa. Quando questionados, os espanhóis apontam a migração como uma das suas principais preocupações.No último encontro dos responsáveis pelos negócios estrangeiros, em Madrid, Portugal e Espanha defenderam uma nova abordagem europeia para África, já que é aí que começam as fronteiras europeias e de onde chegam inúmeros migrantes tanto por terra como por mar.

Ao nível da UE, estima-se que 27,3 milhões de cidadãos de países terceiros vivam nos diferentes estados. Portugal, Espanha e Itália estão entre os países europeus com os sistemas de pensões menos sustentáveis. Se olharmos para Portugal, a pressão migratória também está forte com a chegada «massiva» de pessoas do sudoeste asiático (especialmente) para trabalharem na agricultura. Esta política de «portas abertas» já foi criticada pelo autarca de Lisboa, Carlos Moedas. Que no último 1 de Outubro reforçou, no discurso que fez, o multiculturalismo que se vive na «Nova Lisboa», cantada por Dino D’Santiago.

A migração é uma questão cada vez mais tensa em Portugal, tanto devido ao grupo de extrema-direita 1143 como por causa do Chega, que quer um referendo a migração para votar a favor do Orçamento de Estado da AD. Segundo Luís Montenegro, Portugal está aberto a receber imigrantes mas não de «portas escancaradas». O país precisa de mão-de-obra, especialmente para a restauração, mas Montenegro afirmou, na sua última deslocação a Bruxelas, que o executivo é favorável a mecanismos europeus que permitam a repatriação para quem não cumpre as regras.

Em Portugal, a população estrangeira residente é de pouco mais de um milhão. Aportando bastante tanto para o pagamento de impostos como para a renovação de gerações.As declarações do embaixador foram prestadas antes da Cimeira ibérica que, em Faro, vai reunir membros dos governos de ambos os lados da fronteira para discutirem sobre um sem número de temas que vão desde os caudais ecológicos dos rios até a construção de novas pontes. O embaixador está confiante sobre o que vai sair desta reunião e defende que «reunir anualmente tantos ministros aproxima-nos muito mais do que podemos pensar». Na entrevista dada ao jornal Público, o embaixador Juan Fernández Trigo considerou que as relações ibéricas estão «no seu melhor momento». O Papa Francisco é uma das vozes que se opõe contra “fechar a porta» aqueles que chegam ao território europeu.