Cultura en portugués en Madrid

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“Pax Lyncis” es una obra del autor João Pedro Baltazar Lázaro que, desde una trama de ciencia ficción con poderes telepáticos, un joven se enfrenta a sacrificios personales y dilemas éticos. La novela fue escrita en Madrid en idioma portugués, por un profesor de la lengua de Camões en Madrid. Todo un ejemplo de cómo la capital de España acoge y proyecta las culturas ibéricas sin importar la variante idiomática utilizada. Porque la lengua portuguesa ha de tener su espacio en la principal ciudad europea de la iberofonía. Un espacio que además es necesario para las relaciones económicas dada la abundante presencia de sedes ibéricas (para España y Portugal) de diversas multinacionales.

Las iniciativas culturales en lengua portuguesa en Madrid aún no son muy numerosas y generalmente están ligadas a acciones realizadas en colaboración con las embajadas lusófonas o desde instituciones como la Casa de América o la Cámara de Comercio. Destacan el festival de Novocine organizado por la Embajada de Brasil, que va por su edición XVI, y la Mostra de Cultura Portuguesa, que ya ha realizado 23 con el impulso de la Embajada de Portugal. Pero lo que aquí queremos destacar es la producción cultural privada de “madrileños” (en el sentido de habitantes de Madrid), en lengua portuguesa.

Hace unos años surgió la iniciativa Blogueiros de Língua Portuguesa em Madrid que agrupa 10 autores. Una iniciativa muy interesante fue la promovida por Sérgio Massucci, colaborador de EL TRAPEZIO, con sus cursos de Literatura en Portugués, que realizó de manera presencial en el barrio de Lavapiés. Posteriormente grabó para nuestro digital dos cursos: uno de literatura y otro de intercomprensión. En el ámbito musical la asociación cultural La Parcería en el barrio de Embajadores, programa con cierta frecuencia música cantada en portugués. Las Asociaciones Grupo de Mulheres do Brasil Núcleo de Madrid y Atividades Brasileiras em Madrid también programan y promueven actividades culturales.

Del lado portugués destaca el Fórum dos Portugueses, asociación de largo recorrido que promueve el talento portugués en España. Seguramente existan más iniciativas, de las que iremos dando información para contribuir, en la medida que nos sea posible, a generar un espacio lusófono en la que es una de las principales de la iberofonía.

A continuación reproducimos la presentación del citado título “Pax en Lyncis”, realizada en exclusiva para EL TRAPEZIO por el propio autor:

“O livro Pax Lyncis é a minha primeira tentativa de expressar diversas preocupações, usando a escrita como meio de reflexão, e convidando o leitor a refletir comigo. Não sou o detentor da verdade absoluta, e certamente muitos leitores poderiam contribuir em muitos dos pontos que abordo com informação mais detalhada e precisa, mas abordo-os precisamente por sentir que é urgente que pensemos neles, que não os deixemos varridos debaixo do tapete. Há problemas muito reais, na nossa sociedade; se não tomarmos medidas concretas para os resolver, as nossas vidas poderão ver-se transformadas em algo que não queremos. Ou pior. Pode até chegar a haver violência, algures no mundo, que poderá afetar os nossos amigos, as nossas famílias, ou até nós mesmos.

Em 1999, o livro tinha um título diferente e começou por ser uma história com uma mensagem antibelicista muito simples; um rapaz é recrutado contra a sua vontade, vai para a guerra e acaba por ter de combater as mesmas forças que o colocaram nessa situação. Com o tempo, fui compreendendo que queria, e devia, dizer muitas mais coisas. Quis criar um protagonista confuso, afetado por sentimentos contraditórios, incapaz de resolver os problemas do mundo, mas ainda assim obrigado a carregar às costas esses mesmos problemas. Um jovem capaz de grande violência, mas também horrorizado por essa mesma faceta da sua personalidade, que vive a sua vida tentando mantê-la controlada para não magoar ninguém. Ele é, ou deseja ser, o oposto exato disso: um líder benévolo, que cuida do seu povo, mas que sente que também é necessário ser forte precisamente para defender esse povo. Poderíamos portanto dizer que ele é o seu próprio maior inimigo.

Foi em Madrid, em 2023, que finalmente consegui acabar a primeira parte desta história tão complexa e tão difícil de escrever. Tentei escrever uma estória relativamente fácil de ler, direta e sem rodeios, mas rica em momentos que fizessem o leitor pensar sobre o que está bem e o que está mal. E posso claramente dizer que, desde que vim viver para Madrid em 2014, ganhei uma ideia muito mais clara daquilo que queria dizer. Antes, não sabia quase nada de Espanha. O que descobri aqui foi um povo irmão, uma língua e uma cultura com muitas afinidades com as nossas, uma sinergia que dificilmente temos com outros povos de outras partes do mundo. Em parte, o Pax Lyncis também é uma forma de promover a língua portuguesa em Espanha, e também a amizade entre Espanha e Portugal. Pax Lyncis significa literalmente “A Paz do Lince”, sendo o lince o maior símbolo dessa amizade; um animal ameaçado, mas salvo da extinção graças à cooperação entre os nossos países. Tal como o lince, o protagonista terá de lutar pela própria vida, e encontrará na amizade ibérica a inspiração de que precisa para se tornar o líder que deseja ser, rejeitando a violência e a xenofobia, e abraçando o país irmão.

Hoje, é muito claro que escrever o Pax Lyncis não teria sido possível sem ter vindo viver para Madrid, e quero expressar a minha gratidão a Espanha por tudo o que sempre fez por mim. Estou grato a Portugal por me ter dado a vida; estou grato a Espanha por ma ter transformado. E a única coisa que quero e desejo para toda a Península Ibérica é a paz, a amizade e a concórdia”.

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