Camané: «Cada vez há um entendimento maior do fado no público espanhol»

Será um dos três fadistas da XI edição do Festival do Fado em Madrid

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Camané and Mário Laginha

Camané conhece bem os palcos espanhóis, mas este domingo será a sua estreia no Teatro Real. Será um dos três fadistas da XI edição do Festival do Fado em Madrid que este ano tem como tema “Lisboa” e subirá ao palco com o pianista português Mário Laginha.

Camané (Oeiras, 1966) é o irmão mais velho dos também fadistas Hélder e Pedro Moutinho. Com apenas 12 anos ganhou o prêmio principal do famoso festival Grande Noite do Fado e com o seu primeiro trabalho discográfico, “Uma noite de fados”, foi eleito como a voz mais representativa da nova geração do fado. Hoje é um nome de referência na história do fado e para os novos fadistas. Está a trabalhar num novo álbum (já tem mais de dez) e em Madrid estará junto ao pianista Máio Laginha.

-Volta à Madrid, mas desta vez num palco muito especial. Que significa para si cantar no Teatro Real?

Significa muito; é um ambiente fantástico de uma noite de fado ao piano.

– Tem participado em várias edições do Festival do Fado. Como tem sido a evolução do público espanhol na perceção desta música portuguesa?

Penso que cada vez há um entendimento maior da música e parece que estou a tocar em Lisboa em vários aspetos, os silêncios e a empatia do publico que são dois aspetos fundamentais no fado.

– É um público agradecido?

Sim, é um publico que tem uma grande empatia e cria uma relação ótima com quem está no palco. Tem sido muito gratificante sempre que vou a Madrid.

– Este domingo atua junto ao pianista Mário Laginha. Como é cantar fado sem guitarra de acompanhamento?

Há um trabalho fantástico do Mário Laginha a entrar neste tipo de fado, a maior parte dos fados são tradicionais e embora não haja registos o fado começou por ser tocado ao piano. Mário é um pianista fantástico e encaixou que nem uma luva neste estilo clássico do fado. Fez um trabalho excecional.

-Como surgiu o projeto «Aqui Está-se Sossegado»?

Surgiu de uma ideia de fazer alguns concertos juntos e com o avançar percebemos que podíamos avançar para um disco. Nada foi pensado; as coisas foram surgindo naturalmente e foi muito bem aceite pelo público e nestes últimos dois anos fizemos coisas incríveis. Já tinha trabalhado com o Mário e ligamo-nos muito bem.

O título vem em sintonia entre os dois que é um poema de Fernando Pessoa num poema que era do meu avô, num disco que estava perdido desde 1925.

-Quem é mais protagonista, o fado ou o piano?

É tudo, são os dois protagonistas.

– O fado também sofreu com a pandemia?

Acho que sofremos todos, na verdade as coisas foram acontecendo, mas de uma forma mais limitada. Mas quando dava continuamos a fazer música e as pessoas iam assistir.

– A que novas vozes do fado aconselha não perder de vista?

Existem muitas vozes a aparecer que são do fado e tem as características que conseguimos identificar naturalmente como vozes do fado.

Participou ni filme Fados do diretor espanhol Carlos Saura. Como foi a experiência?

Foi boa, foi há muitos anos e com pessoas que gosto imenso como o Carlos do Carmo que era uma grande referencia para mim e um grande amigo.

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