12/06/2025

Na Conferência dos Oceanos da ONU pede-se uma maior proteção dos oceanos para que estes não se tornem «terra de ninguém»

Mais zonas protegidas e a luta contra a pesca de arrasto e a poluição do mar através dos plásticos são alguns dos problemas levantados

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Depois de Nova Iorque e Lisboa terem sido duas das cidades que já receberam a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, os líderes mundiais viajaram até Nice (França) para discutirem formas para se cuidar do mar. A Costa Rica é outro dos organizadores. Na Conferência dos Oceanos, Macron disse querer o Tratado de Alto Mar ratificado o mais rápido possível e já 50 países já o assinaram. António Costa espera que Tratado do Alto Mar entre em vigor até ao final do ano. Costa considera que «o oceano deve ser uma causa e uma missão para a Europa até 2050». Os oceanos estão a ser saqueados. Também presente neste encontro, o príncipe William referiu que os oceanos precisam de ajuda. Os oceanos estão a aquecer e desde a década de 80 o valor quadruplicou.

Espanha foi o primeiro país a ratificar este tratado. Um tratado que pretende salvaguardar as zonas que não fazem parte das ZEEs e que são «tratadas como terra de ninguém». Muito se espera desta conferência, que vai durar até sexta-feira, especialmente a nível de financiamentos. Esperam-se medidas concretas mas neste tipo de encontros fala-se muito e atua-se pouco. São mais de 120 os países presentes na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. O objetivo é que este cresça para os 60 países assinantes e que se torne num acordo global para a proteção dos mares. Antes de voltar a Portugal para assinalar o 10 de Junho, Luís Montenegro também passou pela Conferência dos Oceanos e alertou que é necessário agir e não ficar a espera dos Estados Unidos (Trump não estará presente nesta conferência mas espera-se que participe na COP que vai acontecer no Brasil). Montenegro lembrou que o mar é um elemento central da história de Portugal (pois foi dali que partiram para os Descobrimentos) mas também para o futuro. Não só económico azul mas também da transição energética.

Já o Brasil propõe colocar os oceanos no centro da luta contra as alterações climáticas. Presente nesta conferência, Lula da Silva afirmou que o país tem «orgulho em ser uma nação oceânica». O Brasil deverá ampliar as suas áreas protegidas.

A Europa prepara-se para proteger os oceanos

A Comissão Europeia apresentou um pacto europeu para proteger os mares e reduzir a poluição de plástico e a pesca de arrasto. Esta pesca, nefasta para os ecossistemas marinhos, representa 14% do total da pesca feita em Portugal. A terra tem um pulmão também debaixo de água. Só que a ganância das pessoas está a destruir os oceanos.

Também por Nice passaram activistas que apelaram a proteção das áreas marinhas. Os Açores têm uma das maiores áreas marítimas protegidas do território europeu e fala-se na possibilidade de fazê-la crescer até ao banco de Goringe, que fica perto do Algarve e onde «nasceu» o terramoto de 1755. Cabo Verde, que é um país insular, defendeu durante a Conferência dos Oceanos da ONU a necessidade de centros de ciências marinhas para poder acompanhar as mudanças que ocorrem no mar.

Um dos anfitriões desta conferência, o secretário-geral da ONU, António Guterres, avisa que o fundo do mar não pode tornar-se «velho oeste» com extração em profundidade de vários itens, incluindo minerais raros. Guterres também lembrou a importância dos oceanos para a vida humana e os perigos que estes enfrentam, como é o caso da poluição por plásticos (o conhecido mar de plástico). O oceano cobre três quartos da superfície da terra. Contém 97% da água do planeta e contribui para metade da produção do oxigénio. Se não protegermos o oceano, 50% das espécies marinhas podem desaparecer até 2100.