Mumadona Dias, a história da mulher que chegou a ser a mais rica de toda a península ibérica

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A  história mostra que não existem barreiras e neste artigo vamos falar sobre uma das mulheres mais ricas do território ibérico. Onde antes de Portugal e Espanha havia uma divisão entre cristãos e muçulmanos. Falando sobre estes últimos e o Al-Andalus, vi no outro dia um vídeo que defendia que portugueses e espanhóis não são os típicos homens brancos pois sonos descendentes dos povos originários que aqui estavam e como tal fazenos parte de uma irmandade, um caldo de culturas que nos faz riquíssimos. Um caldo cultural que nos distingue pois sonos todas as cores, sabores e formatos, como uma caixa de bombons (momento Forest Gump).

A cidade de Lisboa é um pequeno exemplo desta mescla cultural, onde existe bairros de origem muçulmana (como é o caso de Alcântara) ou uma cozinha de judeus que, perto de onde existe a Santa Casa, apoiou todos aqueles que chegavam a cidade fugidos da II Guerra Mundial. Mas isto é tudo muito «recente». Vamos reguerdir até antes do início de Portugal para falar sobre uma das mulheres mais ricas da história. Tivemos outros casos no período da ocupação romana mas aqui estamos a falar do período (mais ou menos) do condado Portucalense.

Uma das suas sobrinhas chamava-se Rodrigues, e também era riquíssima, mas infelizmente não deixou nada a linhagem que atualmente existe. E que supostamente descendente de um médico, de seu nome Rodrigo, da zona de Salamanca. Mas voltando a história daquela que chegou a ser a mulher mais rica do território ibérico e que tinha uma quinta que ia da Galiza a Coimbra. Já pensaram na magnitude deste território?! O equivalente a um pequeno país tinha aquela mulher numa singela quinta.

Mumadona Dias, ou Diaz em espanhol, foi condessa do Condado Portucalense e a mulher mais poderosa do seu tempo no noroeste peninsular. O seu nome confunde-se com os primórdios da criação de Guimarães. O que era do «berço» da nacionalidade antes de D. Afonso  Henriques? Antes da aparecerem os territórios que hoje conhecemos já havia reis e os do que hoje conhecemos como Portugal tinha nomes bem peculiares, como o de Pepino (este tinha o nome de Pepin pois era de origem francesa). O que se aprende com um irmão a tirar Arqueologia!

Mumadona foi, alegadamente, tia do rei Ramiro II de Leão. Esta condessa, pouco conhecida, tem o seu nome associado a cidade de Guimarães, o «berço» de Portugal, e onde tem uma estátua. Afinal foi ela que mandou construir o castelo no burgo  onde nasceu D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Mumadona Dias deixou o seu testamento para a posterioridade e o mesmo pode ser visto online. Um documento bastante interessante para ler nas noites frias de inverno.

Da sua herança para a posterioridade fazem parte várias cidades portuguesas, como é o caso de Aveiro (pensem o que seria do mundo sem os ovos moles) ou Felgueiras. O seu testamento é algo muito interessante de se ler e demonstra como mudou o conceito que nós temos de riqueza. Três livros era algo de raro mas hoje qualquer um de nós temos isso (e ainda mais) na estante do nosso escritório. É apenas um pequeno exemplo que demonstra como o conceito de riqueza mudou ao longo dos séculos drasticamente. Pois hoje em dia o rico é aquele que usa ou possui coisas com marcas de luxo.

Foi uma mulher a frente do seu tempo, já que liderou o condado sozinha após a morte do marido. Um território que englobava Portucale e Coimbra. Foi uma figura de poder única numa altura em que as mulheres tinham um poder de segunda linha. Mas mesmo tendo sido uma mulher singular, quando falamos de mulheres únicas na história de Portugal pensamos na rainha Carlota Joaquina (a criadora da caipirinha) ou na mulher que foi a sua professora, e que deu cartas nas letras como Alcipe (descendente da família Távora) mas não em Mumadona. Uma figura que fica a conhecer com este singelo artigo de cariz histórico.

 

Andreia Rodrigues