28/04/2025

As memórias da ditadura trazem para o Brasil o seu primeiro Óscar com «Ainda estou aqui»

A história do Brasil e da sua democracia são distinguidas com o Óscar de Melhor Filme Internacional

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Pela primeira vez na história dos Óscares, com quase cem anos, um filme falado em português foi distinguido como a melhor produção internacional. Para os críticos de cinema, esta vitória é vista como um impulso novo para as produções feitas em português. Já que se reconhece desta forma que é possível contar boas histórias em línguas que não são só o inglês. Portugal teve na última edição dos Óscares um concorrente, na categoria de animação, mas não era falado em português.

A vitória nos Óscares aconteceu na mesma noite do Carnaval e no Rio de Janeiro houve festejos dignos de «Copa do Mundo». O Carnaval para um pouco para se ver e falar sobre cinema. Até o presidente Lula da Silva acompanhou esta entrega. Que trouxe para o Brasil o seu primeiro Óscar de sempre. Sorrir, como se lembrava no filme, foi a tônica dada depois do anúncio do melhor filme internacional em Los Angeles.

A cerimónia dos Óscares tornou-se a mais brasileira de sempre e muito devido a personagem de Fernanda Torres, que também concorria para Melhor Atriz. Vinte e cinco anos depois de a sua mãe, Fernanda Montenegro ter concorrido na mesma categoria. Em entrevistas antes da cerimónia, a atriz lembrou que soube da nomeação enquanto estava na casa que detém em Lisboa, mais precisamente no Cais do Sodré.

Ainda não existe uma atriz nascida na América Latina a ter sido distinguida como melhor atriz e apenas uma mão de nomes, dois brasileiros, fazem parte desta história que tem nas duas Fernandas a única dupla de mãe e filha a concorrerem a distinção máxima do cinema internacional. Pisou a passadeira vermelha com um look que fazia lembrar o que Fernanda Montenegro usou na mesma cerimónia, já no longínquo ano de 1999.

Com Fernanda Torres concorria ao Óscar de melhor atriz a espanhola Karla Sofia Gascon. «Anora» foi o grande vencedor de uma noite que teve como «Emília Perez» a grande derrotada e «Ainda estou aqui» a fazer história, não só para o cinema mas também a cultura brasileira (como lembrou o realizador Walter Salles). «Ainda estou aqui», que é uma produção da Globoplay, é baseado num livro homónimo e tem feito sucesso nas salas de cinema não só do Brasil mas também de Portugal onde milhões já viram a história de Eunice Paiva. O filme fala sobre a vivência de uma família durante um regime ditatorial, algo que se conhece independentemente da latitude ou período histórico em que estejamos e é cada vez mais vivente no momento geopolítico atual.

Salles dedicou o Óscar a três mulheres, a esposa do deputado Rubens Paiva (desaparecido no período da ditadura militar), Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. A atriz, que faz uma pequena participação neste filme, teve a sua nomeação ao Óscar num filme, «Central do Brasil», que é uma direção do mesmo Walter Salles.