O que vai ser decidido nestas eleições legislativas?

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Com os debates terminados, as diferentes caravanas partidárias partiram para a estrada. Até ao dia 30 de Janeiro muitos quilómetros vão ser trilhados mas já há muito a dizer. Nos embates televisivos, que nos trouxeram agradáveis surpresas e muita agressividade, alguns temas chamaram a atenção. A cultura voltou a ser a «parente pobre» na nossa agenda mediática.

Por outro lado, tivemos a TAP e o custo de uma viagem até São Francisco a assumir importância nacional. Num debate entre António Costa e Rui Rio, o social-democrata classificou como «indecente» o fato de um bilhete para os Estados Unidos ter preços diferentes caso se apanhe o avião em Lisboa ou em Madrid. Um voo da TAP que faz Madrid-São Francisco tem um custo de 190€. O custo sobe para 697€ se estivermos em Lisboa. Se há algo que os portugueses sabem é que os preços de avião, especialmente se quisermos ir para a Madeira, são caríssimos. Voltando a estes preços, os mesmos são habituais devido a lei da oferta e da procura. O que deixou Rio escandalizado foi que a TAP é uma companhia de bandeira que neste momento está a ser alvo de uma remodelação do estado.

Essa remodelação está nas mãos do ministro Pedro Nuno Santos, o governante que é visto pelo PSD como um possível futuro primeiro-ministro. Falando sobre futuro, a baixa médica de Jerónimo de Sousa abriu a porta a dois novos nomes. O discurso é o que todos conhecemos mas a frescura é sempre de aplaudir. Basta saber como a votação vai decorrer para os diferentes partidos. As sondagens avançam, quase todas, uma vitória socialista. Se há algo que as últimas autárquicas demonstraram é que as surpresas acontecem. Basta perguntar a Fernando Medina, que aparece nas listas para deputado a Assembleia da República.

A saída e entrada de novos deputados é certa. Muita coisa vai mudar a partir do dia 31 de Janeiro. Será que vamos ter, como já disse Tino de Rans (calceteiro cantor que virou político), um «31»? Na mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa pediu um governo estável. Não dá para perder mais tempo para impulsionar o PRR e votar o Orçamento de Estado. Aquele mesmo OE que arrastou o país para estas eleições. Se tivesse que escolher um dos momentos altos dos debates, apontaria para o António Costa a apresentar para as lentes a encadernação azulinha do OE. Se Costa perder as eleições e desistir da política pode sempre virar modelo de programas como o Preço Certo em Euros.

Um ano depois, voltamos a ir às urnas. Desta vez, e ao contrário do que muitos acreditam, a vitória não é certa. Costa e Rio podem ser a Liga dos Campeões da política portuguesa (um Real de Madrid e Barcelona sem Ronaldo nem Messi) mas os «jogos menores» vão impactar muito. Depois das eleições poderão rever este texto mas acredito que quem ficar em terceiro lugar vai ter muito poder. Este ping-pong político vai ser jogado a cada vez mais mãos.

Segundo as sondagens, este está a ser disputado energicamente entre o Bloco de Esquerda e o Chega. Num lado temos a esquerda e no outro a direita. Será que Ventura vai conseguir seguir os passos trilhados pelo VOX em Espanha? Estes partidos, ao lado do IL, do PAN e do Livre vão crescer bastante. Acho que este é ponto certo. Será que vamos ter um parlamento mais fragmentado e polarizado? O que não deveremos ter é uma geringonça 2.0. Pelo menos não com os partidos de esquerda.

Uma das novidades que as eleições em período pandémico nos trouxeram foi a possibilidade de votar de forma antecipada. Esta é uma forma de exercer o nosso direito de voto cada vez mais habitual e que é do agrado tanto de António Costa como do português comum. Milhares inscreveram-se para votar de forma antecipada. Nas presidenciais este voto antecipado decorreu de uma forma muito tranquila.

Segundo especialistas, no fim deste mês poderemos ter meio milhar de pessoas em isolamento. Estas poderão votar a mesma, ainda não entendi como. O que importa é garantir que todos possam exercer o seu direito constitucional ao voto. Falando sobre o voto em mobilidade, este também é possível exercer em Olivença. Quinhentos portugueses receberam os boletins de votos que deverão ser reenviados. Esta possibilidade de voto é oferecido aos portugueses espalhados pelo mundo (talvez até Roman Abramovich vote), que também têm direito a eleger os seus deputados. Aproximar Portugal dos portugueses deve ser feito mas não só através da política. É verdade que esta controla a nossa vida, o nosso bem-estar. Esperemos que depois das eleições a qualidade de vida e o futuro dos portugueses seja melhor do que o nosso presente.

 

Andreia Rodrigues

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