Pedro Sánchez fez uma reforma no seu governo (que agora já não tem Pablo Iglesias, que como vice-presidente era o que Paulo Portas foi em tempos) e leva-nos a perguntar quando António Costa fará o mesmo neste lado da fronteira. Contestação existiu em ambos os lados, agora veremos se as actuações nos próximos meses vão ser semelhantes.
Numa sondagem que pretendia estudar os índices de popularidade dos políticos portugueses, com Marcelo ainda no verde e Costa a cair (por outro lado, o Chega e os Liberais juntos chegam já perto do Bloco de Esquerda), os inquiridos demonstraram-se receptivos a uma remodelação no governo ainda antes das autárquicas. Os cartazes já estão colados nas rotundas mas os gabinetes ministeriais continuam ocupados pelos mesmos nomes.
Estas eleições, mesmo ainda não sabendo o desfecho das mesmas, podem aclarar quem será o próximo líder do PS já que António Costa está na sua legislatura. Os três candidatos ao futuro papel de secretário-geral são: Fernando Medina (presidente da Câmara Municipal de Lisboa), Pedro Nuno Santos (ministro das Infra-estruturas e Habitação) e Ana Catarina Mendes (a actual número 2 do partido). Já em relação a António Costa, depois de sair do governo (e acreditando que a legislatura vai até ao fim) será que o poderemos ver em outros voos no estrangeiro, seguindo os mesmos passos de António Guterres e Durão Barroso.
Quando falamos da actuação que o governo tem em relação ao combate da pandemia, e isto sem esquecer que o país sofre de outras maleitas que não é só a Covid, uma parte significativa dos portugueses acha que tem sido razoável mas se há algo que urge são mudanças e quando pensamos em saídas o ministro da administração interna é o primeiro que vem a cabeça de todos (a lista de pontos negativos é de tal forma extensa que torna-se difícil pensar em algo positivo mas muito provavelmente a grande «medalha» que Eduardo Cabrita pode usar orgulhosamente ao peito é o facto de sermos um dos países mais seguros do mundo). Somos seguros mas já não somos tão inovadores como o que temos sido desde 2014.
Estando 2 meses das eleições autárquicas, e caso haja alguma mudança, essa remodelação não deve acontecer a tempo. Caso Costa opte por mudar os seus ministros antes do fim desta segunda legislatura, alguns dos membros do executivo já demonstraram, mesmo que de forma indirecta, vontade de sair dos gabinetes ministeriais e voltar a abraçar de novo a vida civil e anónima.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, já deixou subentendido que gostaria de voltar a dar aulas e assim dar uma pausa a sua intensa actividade política. Depois da presidência europeia, o superministro (que depois da saída de Mário Centeno, para o Banco de Portugal, tomou o papel de número 2) deu uma entrevista onde demonstrou esta vontade mas não colocou uma data para esta saída. A mesma vontade já foi demonstrada pela ministra da saúde (considerada a melhor do governo) e pelo ministro do ambiente mas ambos deixaram a última palavra para António Costa.
O mesmo Costa que começa a se envolver na campanha para as autárquicas, onde vai conseguir medir a temperatura a população em relação ao governo e ao trabalho feito desde o início da pandemia, casos de justiça (como é o caso que envolve Vieira ou José Sócrates) e a preparação e execução do Plano de Recuperação e Resiliência. 13% das primeiras verbas vão começar a chegar nos próximos dias e nem o verão acalma a discussão do próximo Orçamento de Estado, que mais uma vez não deverá contar com a participação dos partidos de direita. Na volta das férias de verão, e mesmo com os números de mortos a serem os mais elevados desde Março, muito provavelmente teremos não um «Dia da Liberdade» (este sempre foi e sempre será a 25 de Abril) mas um alívio gradual que pode levar a que se deixe de usar máscaras na rua, mais ou menos como aconteceu em Espanha.
Continuando a falar sobre terras espanholas, quatro cidadãos portugueses foram detidos por suposta violação de duas jovens espanholas em Gijón. Este caso está a levantar muita consternação tanto em Portugal como em Espanha fazendo lembrar o caso da «La Manada», que aconteceu em 2016. Não querendo entrar muito neste caso, esta e outras situações relembram que o papel da mulher ainda é muito frágil nas nossas sociedades e que «não é sempre não!».
Urge uma mudança não só política mas também de mentalidades pois só assim é possível evoluir.
Andreia Rodrigues