António Guterres, «Mensageiro da paz», viajou para o centro do conflito para tentar salvar vidas

Secretário-Geral da ONU pretende criar mais corredores humanitários e restabelecer a paz na Ucrânia

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António Guterres deslocou-se a Moscovo e a Kiev para tentar ser mediador de paz entre Putin e Zelensky. O português apresenta-se como um mensageiro num período em que se pede um maior envolvimento do mesmo para terminar este conflito e assegurar a continuação da ONU. O responsável pela organização juntou a sua voz a outras que têm pedido um cessar-fogo. Guterres deslocou-se ao Kremlin para «salvar vidas» mas terminou por ouvir Putin a dizer que a Ucrânia não quer acabar com a guerra (palavra que não pode ser usada em território russo).

O mais alto representante da diplomacia mundial não considera aceitável que em pleno século XXI existam pessoas a sobreviver em caves sem luz ou água. Após o encontro, o secretário-geral admitiu que «nunca são conseguidos todos os objetivos» com os quais chegou. Para além da guerra, a ameaça nuclear também tem estado a pairar. Para que tal não aconteça é necessário «trabalhar para que uma hipótese dessas seja completamente impensável».

A composição permanente do Conselho de Segurança foi falada nestes encontros e o ministro dos negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov, defendeu uma recomposição do mesmo com a entrada de novos países. Brasil, Índia e alguma das nações africanas poderiam apresentar uma nova visão a este órgão. O secretário-geral da ONU reconheceu que este conselho falhou no seu papel. Putin esteve ao telefone com João Lourenço e na chamada relatou a «relação amistosa» existente entre a Rússia e Angola.

Reuniões com Putin e Zelensky

A primeira reunião aconteceu na Rússia, onde Guterres referiu que o que está a acontecer na Ucrânia é uma invasão e que a diplomacia tem que tirar a vez às armas. Para o secretário-geral das Nações Unidas, a evacuação da fábrica da Azovstal é «a prioridade das prioridades». Neste complexo existem centenas de cidadãos e militares cercados. O secretário disse que existe um princípio para que isto aconteça caso haja condições para tal. «Espero que um dia a paz regresse a estas terras», vincou o antigo primeiro-ministro português que acredita que as negociações de paz estão a ser muito lentas. Para ele, esta guerra deve terminar o mais cedo possível para o bem da Ucrânia, da Rússia e do mundo.

Na Ucrânia, onde Guterres chegou de automóvel e depois de uma viagem de 11 horas, visitou as cidades de Bucha e de Irpin. Nestes locais pediu uma investigação aos crimes de guerra ai cometidos. O chefe da diplomacia ucraniana agradeceu a tentativa de mediação deste conflito. Durante a visita do secretário-geral a Kiev foram ouvidas explosões. Na conferência de imprensa, dada ao lado de Zelensky, António Guterres sublinhou que a paz deve ser reposta consoante a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. Já o líder ucraniano disse acreditar que a proteção dos direitos humanos são prioridade de vários líderes mundiais.

Segundo as Nações Unidas, no país existem 13 milhões de pessoas a necessitar de assistência humanitária. 1.400 trabalhadores da ONU estão na Ucrânia para apoiar 3 milhões.

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