Exposição «Vencer o Tempo» marca os 50 anos de carreira de Inácio Ludgero

Fotojornalista trabalhou de perto com Mário Soares e foi o responsável por uma das melhores fotos do século XX

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A exposição de fotografia Vencer o Tempo, patente no Salão Nobre da Casa da Imprensa, marca os 50 anos de carreira de Inácio Ludgero. Nesta mostra, onde também está a distinção (Ordem de Mérito) dada pelo Presidente da República, podem ser vistas fotos que abordam os seus primeiros anos atrás de uma lente até a atualidade. Com vários livros publicados e exposições, o fotografo é considerado um dos grandes mestres do seu género.

Um jornalismo que se assume como o “quarto poder” e que cada vez é mais necessário. Uma atividade que não é só informativa, mas tem muito de interventiva. Esta exposição é uma homenagem a ruga que o tempo deixa nas nossas vidas. São impressionantes, duras, sinceras. Uma imagem conta tudo, não esconde nada. Fixa os nossos olhos e faz com que reflitamos sobre o que acabámos de ver.

Uma galeria vasta onde vemos retratados os rostos de Salgueiro Maia, Eduardo Lourenço ou Amália Rodrigues. Sempre com a máquina a mão, Inácio Ludgero já deu a volta ao mundo a fotografar tanto grandes acontecimentos como bibliotecas. Madrid e a sua movida foi uma das cidades que retratou. Onde os silêncios e as vozes que gritam contra a opressão convivem de forma ordem congeladas numa imagem eterna.

Onde o tempo não passa e onde todas as histórias parece que foram ontem. Ainda durante a censura começou a trabalhar e é da sua autoria a imagem que ilustrou a capa do jornal A Capital no marcante dia 25 de abril de 1974. Viu PIDES na prisão, cantores em palco, jogadores a marcarem gol e as ruas despidas de gente devido a maior pandemia dos últimos 100 anos. Todas estas fotografias retratam a vida em Portugal e no mundo.

A história em fotografias

Uma sociedade sempre em tumulto, mas que, e tal como um casal que aguarda pela próxima carruagem do comboio, aguarda calmamente pela próxima grande mudança. Prendem o nosso olhar e refletem a essência das notícias que não são feitas só de tragédias, mas todas captam emoções. O poder da imagem, já defendido por Confúcio, marca a carreira de Ludgero. O gene de um bom repórter é definido por em todo o lado conseguir encontrar uma boa história para contar, tanto seja em formato de texto ou de imagem.

Basta estar atento quando a história e as histórias acontecem. Sempre com a sua fiel máquina em punho trabalhou de perto com os presidentes Mário Soares ou Jorge Sampaio, captando-os tanto em situações oficiais como em momentos de descontração (como o que a ex. primeira-dama Maria José Rita protagonizou ao lado de uma tartaruga em Cabo Verde). Sempre com bastante paixão em tudo o que faz, Inácio Ludgero atualmente continua a trabalhar como freelancer.

Das fotos apresentadas, e que marcam a passagem de alguns dos momentos que marcaram a história do último meio seculo, a chegada dos refugiados de volta a Timor-Leste (foi um dos jornalistas que esteve presente no território para contar a luta e sofrimento das suas gentes) e a guerra civil de Angola são as mais marcantes. No início da década de 90 do século passado, na coluna do Huambo, captou o sofrimento de uma mãe numa imagem que ficou conhecida como a Pietá Negra. Esta imagem foi considerada uma das 50 melhores pela Associated Press.

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