O escândalo que envolve o ministro João Galamba com as secretas portuguesas continua e desta vez há um apelido conhecido em cheque. A mulher do embaixador português em Espanha, João Mira Gomes, é a chefe da agência de inteligência portuguesa. Com 64 anos, Graça Mira Gomes lidera os dois ramos das secretas portuguesas.
Ao lado do marido, o embaixador português em Madrid, Graça protagoniza um dos casais mais conhecidos do meio da diplomacia portuguesa. Ao contrário do marido, Graça Mira Gomes não costuma dar entrevistas. Graça Mira Gomes está agora na berlinda por lhe ser atribuída a ordem que levou o SIS (Serviço de Informações de Segurança) a recolher o computador de Frederico Pinheiro, antigo colaborador do Ministério de Galamba.
Pinheiro diz que um grupo de agentes do SIS foi até a sua casa para recolherem o computador que usava no trabalho do Ministério e que, alegadamente, tinha documentos oficiais sobre a TAP e a sua possível venda. Esta intervenção é considerada por muitos juristas como ilegal. O Conselho de Fiscalização, composto por elementos da Assembleia da República, considerou não haver indícios de ilegalidade na actuação do SIS.
Graça Mira Gomes nasceu em Lisboa, é licenciada em direito e coordena os dois ramos das secretas portuguesas. O líder da oposição, Luís Montenegro enviou uma carta de cinco páginas a António Costa onde pedia a demissão de Mira Gomes. A primeira mulher a liderar as secretas portuguesas. A secretária-geral tem um vasto percurso como embaixadora, tal como o seu antecessor.
Embaixadora com experiencia em segurança e muito trabalhadora
A antiga embaixadora (entrou na carreira diplomática em 1984) destaca-se por um passado com grande experiencia na área da segurança. Chegou a ser embaixadora de Portugal junto da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, em Viena. Também participou no Grupo de Ligação luso-chinês em Macau. Quem conhece Mira Gomes descreve-a como senhora do seu nariz, discreta e muito trabalhadora.
O antigo diplomata Seixas da Costa considera Mira Gomes um “par seguro de mãos” capaz de resolver com competência os problemas apresentados. O primeiro-ministro português já respondeu ao dirigente do PSD afirmando que não vai demitir a secretária-geral do SIRP. Também considera lamentável que coloquem em causa o serviço prestado não só pela inteligência portuguesa como pela própria embaixadora.
O título de Mira Gomes é equiparado ao de secretária de Estado e depende directamente do primeiro-ministro. O presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, remeteu para o Conselho de Estado (órgão consultivo da presidência que junta várias personalidades de renome) os casos TAP e SIS.
O Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) é o organismo público que tem a responsabilidade de prestar apoio ao decisor político, antecipando e avaliando as diferentes ameaças que visem Portugal e os seus interesses: a segurança interna e externa, a independência, os seus interesses nacionais, a integridade da unidade do Estado.
