Ilha de São Jorge enfrenta crise sísmica e está a retirar os mais vulneráveis

Crise não é semelhante a que aconteceu em La Palma mas faz lembrar "fantasmas do passado"

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A ilha açoriana de São Jorge está a enfrentar uma crise sismovulcânica que está a levar a uma retirada preventiva da população residente no concelho de Velas. Segundo os últimos Censos, este tem 4.936 habitantes e a ilha tem um total de 8.373 residentes. Neste local e nas Fajas, e devido ao mau tempo, estão proibidas deslocações e os planos de emergência já estão ativos. Aos habitantes é pedido que tenham um pequeno saco ou mala pronta para sair e que estão atentas a mensagens nas redes sociais, na rádio ou aos sinos das igrejas. Estes serão os meios usados para avisar sobre uma saída de emergência. Existe um reforço dos voos e as ligações marítimas entre as ilhas.

Atualmente a ilha de São Jorge, que tem um vulcão que não entra em erupção há 200 anos, está com o alerta vulcânico de V4 e a atividade sísmica contínua «acima do normal». Existe um total de total de sete avisos, em que V0 significa «estado de repouso» e V6 «erupção em curso». Esta crise pode levar a uma erupção vulcânica e existem indícios que pode haver a libertação de gases ou mesmo de magma. Os investigadores olham para a atual crise sísmica como um laboratório vivo.

Desde que São Jorge é habitada, os primeiros assentamentos humanos aconteceram no século XV, aconteceram três erupções vulcânicas. Segundo a CIVISA existe uma redução da «energia a ser libertada» mas ainda é cedo para confirmar uma «evolução positiva». Para a ilha são apontados três cenários: primeiro – não acontecer nada mas os sismos de pequena dimensão continuam, segundo – pode haver uma acalmia antes de um grande sismo (como o que aconteceu em 1808) ou terceiro – pode evoluir para uma erupção vulcânica.

São Jorge enfrenta crise sísmica lembrando o passado

A ilha do grupo central açoriano já registou mais de 1.800 sismos de baixa magnitude. Esta é uma atividade frequente na região mas o grande receio das autoridades é que a atual crise termine com um sismo de uma maior dimensão. O último grande sismo, que aconteceu ao largo do Faial em 1998, causou um grande impato devido às construções com fraca resistência sísmica. Em Portugal, 60% dos edifícios foram construídos há mais de 30 anos e como tal apresenta algumas fragilidades para poderem sobreviver a um abalo.

A operação de retirada, que está a ser levada a cabo pela Proteção Civil, tem sobre si o medo de uma grande tragédia. O exército está a preparar em Angra do Heroísmo um ponto de reunião, recolha de materiais e de distribuição de uma possível maior vaga de desalojados. O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a região para ver o que está a ser feito. Esta visita pretende transmitir «tranquilidade» a população.

La Palma (4 meses após a erupção), tal como os Açores, está a ser afetada por uma crise sísmica mas não há uma ligação com o que está a acontecer na ilha de São Jorge já que os dois sistemas vulcânicos estão em sistemas tectônicos diferentes.

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