A atual crise energética, potenciada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, pode impulsionar a produção de gás em Moçambique. As reservas de gás em Moçambique representam 7% das existentes em todo o continente africano. Para aproveitar estas oportunidades, o economista moçambicano Rui Mate disse a agência Lusa que é preciso trabalhar mas a capacidade já está presente no território. O país poderá ser uma alternativa para a Europa ao gás que compram a Rússia.
A Alemanha, Itália e a Áustria são os países europeus que mais gás compram a Rússia. Já Portugal e Espanha adquirem o seu gás especialmente da Argélia e da Nigéria. A Venezuela e o Irão são os países que estão na linha da frente para preencher o espaço de potência produtora de gás ao território europeu que anteriormente era ocupado pela Rússia. Os líderes da UE chegam a acordo para compra conjunta de gás natural.
Muitos compradores, especialmente da Ásia, estão a realizar contratos de longa duração com a nação liderada por Filipe Nyusi. O país lusófono do Índico tem apelado ao diálogo entre Ucrânia e Rússia mas sem condenar o regime de Vladimir Putin. A região de Cabo Delgado, fustigada por movimentos jihadistas, é uma das mais ricas no país quando falamos de recursos naturais. Várias empresas estão interessadas em Cabo Delgado mas investimentos mais profundos ainda não aconteceram devido a instabilidade ai vivida. A capacitação que a participação europeia, organizada por Portugal, está a fazer ao exército moçambicano pode ser a chave para o problema com a segurança. A Total é uma das empresas que vai apostar em Moçambique e vai entrar em produção em 2028. A área onde vão atuar têm reservas de 2.300 milhões de BOE.
Projetos de exploração de gás em Moçambique
O norte de Moçambique vai receber um novo investimento que vai impulsionar a produção de energia. O projeto Coral FNLG vai arrancar no segundo semestre deste ano mas espera-se que a produção aumente exponencialmente a partir de 2026. A Galp também vai investir em Moçambique e o projeto Mamba terá capacidade para dar 10 vezes mais gás natural do que aquele que Portugal gasta durante um ano.
Os investimentos dirigidos à produção de gás deverão ascender a quase 40.000 milhões de dólares até 2030. Uma parte destes investimentos vai acontecer em águas profundas. Os projetos em águas profundas são mais arriscados que os outros devido aos custos mais acrescidos que trazem e aos riscos que o terreno apresenta. O país tem a maior plataforma marítima de exploração de gás.
Segundo a Fitch Solutions, Moçambique será um dos motores que vai impulsionar a África subsaariana na produção de gás liquefeito. Em 2030, esta região de África vai produzir 2,7 milhões de barris de gás. Em conjunto com a Nigéria serão os responsáveis por 78,6% da produção regional no final desta década.