Mais de 500 portuguesas recorreram a clínicas espanholas para poderem abortar, mesmo que seja possível o fazer no país

PS e Bloco de Esquerda pretendem aumentar o tempo que é possível abortar de forma legal em Portugal, que tem um dos períodos de interrupção mais curtos da Europa

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Cerca de 500 portuguesas (530) atravessaram a fronteira para abortar. Preferindo pagar mais de 1000 euros nesta operação do que recorrer ao SNS. Este número foi registrado no último ano em apenas duas clínicas, uma em Badajoz e outra em Vigo. As clínicas não apresentam as fichas clínicas destas pacientes mas os meios de comunicação afirmam que a maioria das grávidas portuguesas que recorreram a estas clínicas estavam grávidas de 14 semanas (que é o tempo legal no país) mas algumas chegaram a abortar já depois das 20 semanas.

Em Espanha, as mulheres podem abortar de forma legal até às 14 semanas de gestação, e pode mesmo ir até às 22 semanas se estiver em causa a saúde da grávida ou caso o feto tenha algum problema grave. Não só só as portuguesas a recorrerem às clínicas espanholas. No último ano, 1171 mulheres vindas de outros países da ­União Europeia estiveram no país para abortar.

Mesmo sendo legal este ato, que teve na mãe de António Costa uma das vozes que mais falou a favor na altura, as portuguesas consideram o tempo legal para abortar como  «manifestamente pouco». Dos países europeus onde é possível abortar, Portugal e a Croácia são os dois que têm um curto prazo. São 10 as semanas que as mulheres portuguesas têm para poderem abortar. Mesmo sendo possível abortar neste período de tempo, estas podem enfrentar objeção de consciência por parte dos profissionais de saúde responsáveis por estas interrupções. Em média, as mulheres demoram até cinco semanas até descobrirem que estão grávidas.

Em Portugal, pretende-se uma revisão do tempo possível para abortar. O PS já propôs o alargamento do prazo para as 12 semanas, enquanto o Bloco de Esquerda quer passar das dez para as 14 semanas, tal como acontece no outro lado da fronteira. O objetivo deste aumento do período possível de abortar é salvaguardar não só o bem-estar físico da mulher e do feto mas também a saúde mental da gestante.