13/06/2025

Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro usaram a mesma caneta que Mário Soares usou há quarenta anos

Portugal e Espanha celebram os seus 40 anos na União Europeia com evocações, balanços e os olhos postos para o futuro

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Foi há 40 anos, neste dia 12 de Junho, que as histórias recentes de Portugal e de Espanha mudaram para sempre com a entrada na União Europeia (na altura conhecida como CEE). Para relembrar este dia e um dos homens que tornou isto possível, Mário Soares, houve uma cerimónia simbólica no Mosteiro dos Jerónimos. Na cerimónia foi lembrada as memórias de Mário Soares e Ernâni Lopes, ambos já falecidos.

A entrada de Portugal na CEE foi assinada às 11 horas do dia 12 de Junho de 1985 por Mário Soares no Mosteiro dos Jerónimos e ao mesmo tempo, Felipe Gonzalez tomava o mesmo passo no outro lado da fronteira. Em Espanha, Cavaco Silva esteve ao lado de Felipe González numa cerimónia evocativa.

No Mosteiro dos Jerónimos falou-se sobre a importância da integração europeia dos dois países ibéricos e os desafios para o futuro. A caneta usada em 1985 também marcou presença e foi usada por Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro para assinar o Tratado, documento que reforça o empenho de Portugal na construção europeia. Durão Barroso, antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, a integração europeia «foi um segundo 25 de Abril».

A cerimónia em Lisboa começou com os hinos de Portugal e da União Europeia, que foram tocados pela Orquestra Geração. Também houve outros momentos culturais com fado e cante alentejano (ambos são património da humanidade da UNESCO).

Mosteiro dos Jerónimos, o «berço» do Portugal europeu

Foi neste mesmo edifício histórico que foi assinado o documento, há 40 anos, que levou a que Portugal voltasse a olhar para o seu continente e não para o oceano. Para o atual presidente da República, a entrada no grupo europeu «valeu a pena» ja que o país teve um desenvolvimento sem precedentes e consolidou uma democracia que foi conseguida pelas armas e validada pelos votos. Quando entraram, em 1985, Portugal e Espanha eram duas jovens democracias que partilhavam entre si vários valores, incluindo o ser europeu (hoje em dia uma boa parte das duas populações já nasceram dentro deste espaço e não sabem como era a vida sem o euro ou sem a livre circulação de pessoas e bens no espaço Schengen). Depois da integração europeia, os dois países viram o seu número de jovens (especialmente mulheres) a terem formação superior.

Nas últimas quatro décadas o país aproximou-se dos seus colegas europeus no que toca a geração de riqueza (mas ainda não está ao mesmo nível), o país está «rasgado» por auto-estradas de uma ponta a outra mas aínda não tem TGV (algo sobre o que se fala há mais de 30 anos). António Costa, que esteve presente como presidente do Conselho europeu (e é da mesma cor política que Soares), acredita que esta assinatura foi um «passo decisivo» para Portugal. Depois de ter estado durante a manhã em Lisboa, António Costa também passou por Madrid.

Na cerimónia que aconteceu no Mosteiro dos Jerónimos passaram  Durão Barroso, António Costa, Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa. A Europa e a democracia são dois lados de uma mesma moeda. E já são poucas as vozes que pedem a saída de Portugal da União Europeia (imaginam como seria a volta do escudo em Portugal e da peseta em Espanha?).

Para Marcelo, «a alma europeia de Portugal nunca foi, é ou será pequena» (apesar do seu tamanho geográfico). No evento, Marcelo Rebelo de Sousa pediu uma Europa pela paz e Luís Montenegro referiu a luta contra os «populismos» (no Mosteiro dos Jerónimos também estiveram André Ventura e Marques Mendes).