Os partidos queimam os últimos cartuxos em direção ao Palácio de São Bento

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No último dia da campanha para as próximas legislativas, que vão acontecer já neste domingo, vamos olhar para trás e fazer um pequeno resumo do que os vários partidos (especialmente os 8 maiores) trouxeram para a esfera política. No momento em que estou a escrever estas palavras já milhões de portugueses, dentro e fora do território nacional, exerceram o seu direito de voto de forma antecipada. Um desses eleitores foi o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que afirmou confiar na sabedoria dos portugueses para escolherem se querem continuar no mesmo caminho ou vão optar por virar a direita. O que é bem provável acontecer segundo a maioria das sondagens mas como as últimas autárquicas, especialmente a vitória surpreendente de Moedas em Lisboa, o demonstraram só no fim é que vamos saber quem será o próximo ocupante do Palácio de São Bento. As indecisões e acordos podem levar a que se demore alguns dias a confirmar uma decisão que vai começar a ser feita já no próximo dia 10.

Começando pelo PS de Pedro Nuno Santos, o partido puxou para a campanha António Costa. Segundo as sondagens a cartada do ainda PM fez subir os socialistas mas não muito. O que dá para compreender das últimas aparições de Costa tanto em território português como internacional é que está lançado para um cargo europeu. O partido quer. Agora basta saber se ele quer ou se vai continuar com os seus estudos (como está a fazer neste momento). Ainda na consagração de PNS, Pedro Sánchez enviou um vídeo onde demonstrou estar disponível para continuar a trabalhar com os socialistas portugueses. O novo PS de PNS e Francisco Assis pretende dialogar com todos (as sondagens dão a AD a frente mas a esquerda pode ultrapassar se unir-se) e avançar em temas como o do aeroporto ou a execução do PRR.

Passando para a AD, que muitos apontam já como vencedores e Luís Montenegro como o próximo PM, a Aliança Democrática puxou para a campanha vários nomes conhecidos a nível português, como é o caso do antigo presidente Cavaco Silva. Uma das principais figuras da direita espanhola, Isabel Díaz Ayuso, reconheceu as eleições portuguesas que se aproximam e a necessidade de mudança mas não apelou diretamente ao voto na AD. A aliança da direita (PSD-CDS-PPM) em algumas sondagens aparece com uma vantagem de seis pontos e pode conseguir uma maioria se juntar-se ao IL e conseguir acordos parlamentares com o Livre e o PAN. As arruadas tradicionais do último dia tiveram que ser canceladas devido ao mau tempo mas a antiga ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, acredita que a serenidade de Montenegro vai prevalecer nas urnas.

Quem está a descer nas sondagens é o Chega de André Ventura, que puxou para a campanha Abascal e fez declarações polémicas onde afirmou que iria vetar a entrada de Lula da Silva e Pedro Sánchez no país no próximo 25 de Abril. Marcelo afirmou que fará de tudo ao seu alcance para afastar o partido de Ventura do arco governativo. Tal como nas eleições anteriores, os dois maiores partidos (PS e AD) estão a usar a cartada do voto útil para afastar a extrema-direita (na realidade ainda há piores. Conhecem o ADN) do poder e atualmente parece que Montenegro pode conseguir roubar alguns votos do Chega mas tal como Bolsonaro ou Trump continuam a dominar nas redes sociais, como é o caso do Tik TOK ou Instagram (rede onde todos os líderes partidários estão oresentes).

Joana Mortágua é o novo rosto do Bloco de Esquerda e da política portuguesa, que também pode ser feita por mulheres jovens. Mortágua (filha de um importante nome da revolução) não chega para liderar um governo mas poderá viabilizar um, caso PNS consiga uma nova Geringonça (será uma Yolanda Díaz morena?). Durante a campanha trouxe os temas da habitação e dos mais idosos para debate e muito por causa de um caso pessoal. Se o BE pede um fim para a crise no imobiliário em que vive este país, o partido que vem a seguir pretende o oposto.

O atual IL é o que o BE foi há duas eleições atrás, capaz de mobilizar um eleitorado jovem e muito graças a comunicação política. São mestres não só nós cartazes mas também nos spots publicitários. A chave para um governo de direita pode residir no partido que pretende reduzir os impostos e não colocar grandes entraves ao AD. Segundo o líder do partido, o objetivo não é defender os ricos mas sim acabar com os pobres (uma ideia bastante sueca).

Um dos partidos que deverá ser vencedor garantido nestas eleições é o Livre de Rui Tavares. O partido, que tem algumas ligações ao Sumar, pode fazer pontes tanto a esquerda como a direita e todas as sondagens apontam para que aumentem o seu grupo parlamentar. O partido, que tem uma marcada vertente europeísta, pretende criar um fundo para todos os que nasçam no país e que poderá ser usado quando o jovem faça 18 anos para assim criar fundações para um melhor início de vida.

Quem deverá terminar estas eleições com um deputado é o PAN e a CDU. No caso do Partido dos Animais e da Natureza este não tem capitalizado (veremos depois da contagem dos votos) os manifestantes pelo clima que também se fizeram sentir nesta campanha ao atirar tinta verde contra Montenegro. Inês de Sousa Real deverá ter o seu lugar garantido na Assembleia e tal como na Madeira poderá viabilizar governos tanto a esquerda ou a direita. Quem deverá ter uma votação bastante semelhante é a CDU. O partido comunista vai tentar defender a sua continuidade na Assembleia apelando ao voto do sul, especialmente ao do Alentejo (onde costumam ter uma excelente prestação mas começam a perder para o Chega, especialmente junto da comunidade cigana).

Passando para os pequenos partidos, o ADN (que está a subir devido a confusão com a AD) contou con um apoio de um deputado que faz parte da bancada evangélica do Brasil e a Nova Direita (temos mais partidos de direita do que esquerda) tem uma cabeça -de-lista que é mulher, negra e filha de emigrantes. O que é sempre uma lufada de ar fresco na política portuguesa.

Para terminar, e antes do período de «nojo» que será já amanhã e durante o qual não poderemos falar de política (algo que Carlos Moedas já o fez), quem acham que vai ganhar? Seja de esquerda ou de direita, o que importa é sair para votar!

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