Papa Francisco visitou Timor-Leste e lembrou o papel da religião na construção de uma identidade nacional

O Papa Francisco realizou missa no país mais católico do mundo e estabeleceu um recorde com o maior evento de massas na história de Timor-Leste

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O Papa Francisco esteve em Dili para uma visita de três dias a Timor-Leste. Francisco viajou num avião oriundo da Papua Nova Guiné e para esta visita o governo de Timor gastou 10 milhões de euros. Muito mudou em Timor nos últimos 25 anos, a independência foi alcançada mas ainda falta que se consiga mais desenvolvimento e igualdade social. O heroísmo e determinação dos timorenses foi lembrada pelo Papa. Esta foi uma visita muito emocionante não só para os timorenses como para o próprio Papa que demonstrou um grande vigor apesar da sua idade.

Este é o país mais católico do mundo, já que 98% da sua população apresenta-se como católica. Em 1975 eram apenas 20% mas a ocupação Indonésia (a nação mais muçulmana do mundo) fez com que os timorenses se agarrassem a religião e a vissem como um instrumento de luta pela independência. Esta é a maior visita do papado de Francisco, que ao longo de doze dias vai passar pela Indonésia e por Singapura. Em Dili, o Papa Francisco foi recebido com «vivas» em português e cânticos em tétum (a segunda língua oficial do país). Os cartazes em português com mensagens para o Papa estão espalhados pela cidade.

Assim que aterrou em Dili, o Papa recebeu o tradicional cachecol timorense e no trajeto até ao  Palácio Presidencial havia uma multidão nas ruas. Para os timorenses, muitos fizeram mais de 10 KMS a pé sem terem a certeza de verem o carro do pontífice, a presença de Francisco no país, que é um dos mais pobres do mundo, é vista como um equivalente de uma segunda descida de Deus a terra. Tal como aconteceu na JMJ em Lisboa, todos queriam ter uma foto do Papa.

Para além do encontro com o presidente Ramos Horta (Nobel da Paz), o Papa também reuniu-se com autoridades diplomáticas e representantes da sociedade civil. O ponto alto da visita foi uma missa campal realizada em Tasi Tolu, a cerca de 10 quilómetros a oeste da capital. As cadeiras onde o Papa e o Ramos Horta se sentaram foram feitas por uma fábrica portuguesa. Para Ramos Horta, a visita do Papa Francisco acontece num momento crucial para o «futuro coletivo». Muitos do atuais políticos, de onde incluimos Xanana Gusmão, são do período da luta pela independência.

A missa que presidiu foi o maior evento de massas na história de Timor-Leste. O chefe da Igreja Católica transmitiu uma mensagem relacionada com o futuro desse país, dizendo que o melhor de Timor-Leste é o povo e que o melhor do povo são as crianças. Também pediu cuidado ao «crocodilos» (estes animais são símbolo do país) que querem mudar uma história que começou por ser escrita com sangue mas terminou por ser feliz. Como lembrou Durão Barroso na cerimónia que lembrou os 25 anos do referendo de autodeterminação.

Nesta missa participou quase metade da população de Timor e muitos acamparam ao redor do local para guardarem o melhor lugar. Aquele local é muito importante na história do país pois foi onde aconteceu a cerimónia que levou ao hastear da bandeira daquela nova nação, há cerca de 25 anos, e ainda nos anos 80, durante a ocupação, o Papa João Paulo II realizou uma oração com a população local.

Aquí podemos ver o Papa Francisco a falar em espanhol em Timor:

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