Depois de anunciada a vinda e depois o cancelamento da viagem de Zelensky a Portugal (São Bento e Belém souberam deste cancelamento pela imprensa) e a Espanha, a epopeia diplomática ibérica parece estar cada vez de mais boa saúde. Ao contrário do que alguns temiam depois da chegada de um Governo de direita ao palácio de São Bento.
Já temos data para a próxima cimeira ibérica mas não temos local. Apenas que será deste lado da fronteira. Se esta humidade jornalista pudesse dar a sua opinião, acho que deveria ser em Elvas, o «coração» do Alentejo. A região, que deverá ter um novo desenvolvimento também graças a ferrovia, fica ao lado da Extremadura e bem conhecido da família do presidente do Governo espanhol. O caso Koldo, que está a envolver membros do PSOE, já passou para Portugal com empresas perto de Elvas ligadas a um dos escândalos que está a abalar o meio mediático espanhol. Já a última semana mediática em Portugal foi repleta de notícias sobre um alegado caso de violência doméstica e a apresentação do aeroporto Luís Vaz de Camões. O poeta vai ter 515 anos depois do seu nascimento um aeroporto com o seu nome. O Cristiano Ronaldo conseguiu o mesmo na Madeira antes de chegar aos 40.
No encontro entre Rangel e Albares os responsáveis pela diplomacia dos dois países afirmaram estar a trabalhar em conjunto por uma «visão comum». Isto vai permitir fortalecer» os dois países nos planos de financiamento, político e institucional também junto das instituições europeias que agora vão a votos. Já sabem em que vão votar ou se o vão fazer? A verdade é que sonos mais Europa do que pensamos.
Ao mesmo tempo que houve esta reunião foi anunciado a prioridade de uma linha de alta velocidade que ligue Lisboa a Madrid, algo que Moedas e Ayuso já tinham pedido várias vezes e que pode ser benéfico para o futuro Mundial de 2030 (já falaremos do mesmo). Já falamos muito da ferrovia e da necessidade de uma ligação de alta velocidade mas a mesma ainda não saiu do papel e esperemos que não dure muito mais até se tornar numa realidade. Há trinta anos que se fala num TGV em Portugal e há cinquenta de um novo aeroporto na zona de Lisboa. Os portugueses para escolher demoram algum tempo, são ponderados. Os nossos políticos são mais estilo Costa do que o «impulsivo» PNS. Muitas palavras e pouca ação.
A ligação com Madrid tal como a do Porto ou com a Galiza são bastante importantes para podermos desenvolver todas as regiões peninsulares. Não deveríamos ser países «esvaziados» ou virados para o mar, como é o caso de Portugal. Esperemos em breve poder usar uma ligação de alta velocidade para viajar não só entre países mas aqui mesmo dentro de Portugal. Atualmente uma viagem de Lisboa ao Porto dura umas três horas, um tempo muito elevado para um país do tamanho de Portugal. Há muita coisa a fazer e aqui a diplomacia, tanto a política como a financeira, joga uma importante cartada num tabuleiro que apresenta várias frentes. É preciso jogar em todas para conseguir que o país se desenvolva.
A Palestina é um tema que colocam Portugal e Espanha em lados diferentes do espectro. Pedro Sánchez é um dos grandes defensores da criação imediata de um Estado Palestino, ambos defendem dois Estados. Eu prefiro não a visão dos políticos mas sim a dos cantores. Na Eurovisão, a concorrente portuguesa Iolanda pediu para que a «paz vença» e claramente a paz e a saúde (deixem que adicione esta) é o mais importante. Estas declarações, depois replicadas pela concorrente do ano anterior, Mimicat, foram muito aplaudidas na Suécia, palco da competição deste ano.
Continuamos a olhar para o futuro e em especial para 2030, data em que Portugal, Espanha e Marrocos vão receber o Mundial do centenário. Mesmo sendo uma candidatura única e escolhida, Fernando Gomes (da FPF) e António Laranjo, o responsável por esta candidatura, estão a apresenta-la na Tailândia a várias federações e confederações, incluindo os responsáveis pelo futuro Mundial de 2026 (que vai ser organizado pelo México, Estados Unidos e Canadá). A apresentação da candidatura foi acompanhada por uma vistoria da FIFA aos três estádios portugueses que vão receber esta competição que promete ficar na história. Esperemos que seja uma epopeia ibero-marroquina mas pela positiva.
Para terminar este artigo, o primeiro de uma nova viagem a volta do sol, esperemos que a viagem seja prolífica.
Andreia Rodrigues