27/10/2025

Ainda vale a pena ter horário de verão e de inverno?

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Pedro Sánchez levantou a possibilidade de acabarmos, em território europeu, com a mudança de hora. Algo que já fizemos. Oficialmente já entramos na hora de inverno. Poucos dias antes da mudança oficial para o horário de verão, em Portugal, o sol nasceu às 7:30 da manhã, já com toda a gente na rua pronta a começar um novo dia. As luzes dos carros já iluminavam a ponte 25 de Abril, mas o sol ainda estava escondido atrás das nuvens.

Agora que a mudança de hora já aconteceu, ouvimos o que é habitual a cada seis meses. Pessoas a acertarem os relógios (algo que já não é tão complicado devido a digitalização), a possibilidade de dormir mais (agora com a hora de inverno) e comentários negativos sobre esta mudança. Que filmes é sempre anunciada pelos meios de comunicação social (não vá que alguém se esquecesse!).

Ainda há pouco ouvi um desses comentários no meio do café, de alguém que acabava de chegar de mais um dia no mar  Português que é português gosta de criticar! Lembro-me que os meus tios, sempre que acontecia esta mudança horária, falavam sobre a «hora moderna e a hora antiga» para falar sobre o horário de inverno e o de verão.

Quando estive internada, já dois anos, calhou ser no dia em que mudavan de hora. Mesmo deitada fazia contas ao olhar o relógio e mentalmente o tentava atrasar para saber qual era a hora certa. Nos primeiros dias é sempre complicado, mas depois estamos prontos a viver os próximos meses naquele horário. Quando estamos habituados, tudo volta a mudar. É o chamado «pescadinha com o rabo na boca» (algo que nunca acaba. Uma espécie de loop).

Portugal chegou a não ter hora de verão, mas esta experiência foi abandonada passados uns anos, como defendeu o antigo diretor do Observatório Astronómico de Lisboa. O nascer do sol chegou a acontecer depois das 9 da manhã e o pôr do sol no verão depois das 22 horas (em Sesimbra o sol às vezes se põe às 21:30). Só faltavam as auroras boreais para parecermos a Islândia. A nossa vida é marcada pelo sol, desde a hora que nos levantamos até ao terminarmos mais um dia de trabalho para voltar para casa.

Rui Agostinho defende que a mudança devia acontecer não em Outubro mas sim em Setembro, quando entramos no Outono (já lá estamos, apesar de algumas noites marcarem temperaturas acima dos 20 graus Celsius). O acerto sazonal já não nos traz grandes benefícios energéticos e até pode ter efeitos nefastos para a saúde. Sabiam que a falta de sono pode levar a loucura? Foi algo que descobri há poucos meses.

Os neurologistas defendem que o melhor dos horários é o de inverno pois é aquele que mais se alinha com a luz natural. Não é a primeira vez que falamos sobre a possibilidade de acabar com as mudanças de horário. A última vez que falámos sobre esta possibilidade, nos meses seguintes apareceu uma pandemia que ficou conhecida como COVID-19. A Comissão Europeia passou a ter outras prioridades em mente. Espera-se que a Europa possa acabar com isto já na próxima primavera. Para tal é necessário um consenso entre a Comissão e o Parlamento europeu. Todos os países devem estar de acordo. O que é raro num grupo de 27 países bem diferentes.

A mudança de hora não existe em todo o mundo, como é o caso da Rússia, e quando mudamos de hora nos afastamos mais da Iberoamérica e da lusofonia. Luanda, apesar de estar em África, tem o mesmo fuso horário de Portugal (algo que sempre me fez alguma confusão). Se estamos a falar do fim da mudança horária, porque não aproveitamos a ocasião, e a próxima Cimeira ibérica, para tornar numa realidade o mesmo fuso horário no território continental da península ibérica? É uma ideia que deixo aqui. Não se compreende que Portugal tenha o mesmo fuso horário de Londres e Espanha o de Berlim mas entre os dois países ibéricos existe uma hora de diferença.

Andreia Rodrigues