Como os casos de corrupção podem afetar nas eleições portuguesas

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Portugal vai a eleições a 10 de Março e mesmo ainda sem o início da campanha eleitoral, mas já com listas e sondagens a dar a vitória ao PS, temos escândalos de corrupção a ensombrar tanto a esquerda como a direita portuguesa, Esta vai a votos com a marca AD, que juntou o PSD e o CDS (mais o PPM) há quarenta anos atrás como agora. Não sei se é por causa da minha condição de saúde mas numa reportagem sobre o congresso da AD li AG – Aliança Geriátrica.

A Aliança Democrática, que já tem governo formado caso ganhem, cheira a pó do passado, o PS de Pedro Nuno parece o mesmo de António Costa e os partidos mais pequenos não estão a convencer ninguém. Aos atuais líderes falta carisma mas tal como referi numa edição do «Conexão Ibérica» acredito que a Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, possa dar uma de Yolanda Diaz num possível governo do Pedro português.

De todos, o Chega é aquele que parece ir com mais força e uma sondagem feita em Espanha aponta a possibilidade de o partido de Ventura conseguir até 40 deputados. O Chega apresentou propostas que são consideradas por vários economistas como inviáveis. As contas certas parece que não são algo do agrado de Ventura e dos seis pupilos, que se consideram fascistas e contras ideologia de gênero (ainda estou a espera que me expliquem que ideologia é esta). Muitos do PSD e do IL juntaram-se para conseguirem um novo «tacho» parlamentar (como a música do Herman José já o diz).

O que os portugueses podem esperar destas eleições que vão acontecer com a marcação de uma manifestação xenófoba para Lisboa e uma greve geral dos jornalistas, algo que ao acontecer será uma estreia nas últimas décadas da democracia portuguesa. Que democracia temos e o que queremos? Um dos temas que será mais abordado nas diversas campanhas será a corrupção. Temos casos para todos os gostos.

Se olharmos para a esquerda temos a sempre presente Operação Marquês (a do Sócrates) e a Operação Influencer que estalou em Novembro e levou ao pedido de demissão de António Costa do cargo de primeiro – ministro português. No Brasil consideram este um caso de golpe através da justiça (isto fica muito melhor em inglês) para tirar Costa do governo. Tal como aconteceu com Lula e está a acontecer atualmente na Guatemala.

Ao contrário de Sócrates, Costa não é visto como um ativo tóxico para os socialistas. Aliás, podemos esperar um Costa cheerleader ao lado de Pedro Nuno, «o homem que faz» e que é visto por Marques Mendes, o vidente da SIC, como trapalhão e impulsivo. Mesmo assim é o homem que aparece em primeiro nas sondagens e a direita já se acusa mutuamente de aceitarem um governo minoritário do PS mesmo que este não ganhe as eleições. Tal como aconteceu em Espanha. Aliás, se falarmos da direita Ibérica e das manifestações que aconteceram após a tomada de posse de Sánchez não podemos esquecer a presença do eurodeputado social-democrata Paulo Rangel que discursou na Praça Cólon. Voltando ao casos de corrupção e ao mais recente que envolveu Costa, que ainda não foi constituído arguido (vamos falar dessa figura jurídica mais para a frente), não acredito que tenha grande importância pois este é o «pão de cada dia» para os socialistas. Acredito que ainda veremos Costa num cargo europeu mas antes disso acontecer teremos as legislativas. Onde o PS terá que provar o que pode fazer de novo, de melhor, para que o país cresça. Nos últimos vinte anos crescemos metade de Espanha e nem me façam falar do salário mínimo. Como ponto positivo temos o fato de ter saído da lista dos cinco países mais endividados da Europa.

Agora passando para a direta moderada, o mais recente caso de corrupção reside na ilha da Madeira. Na terra natal de Cristiano Ronaldo tivemos, num alegado caso de corrupção baseado na zona franca (uma espécie de offshore, mais ou menos como a Andorra) da Madeira que levou a prisão do presidente da Câmara Municipal do Funchal e a constituição como arguido de Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional. Na lei portuguesa ser arguido num caso até funciona como uma forma de defesa já que o arguido pode arranjar um advogado, ler o processo e saber qual é a acusação. Mesmo tendo sido constituído como arguido, Albuquerque descreve-se como inocente e nega-se a colocar o seu lugar a disposição. Tal como Costa o fez. Luís Montenegro defende Albuquerque mas os restantes partidos políticos, especialmente o PS, considera aue o governo regional não tem condições para continuar e deve cair, tal como aconteceu nos Açores. Ao contrário do arquipélago que muitos apontam como a Atlântida perdida, a Madeira sempre foi de direita mas Albuquerque não tem a força de Alberto João jardim. Muitas são as histórias que se podem contar sobre o período de Jardim na presidência mas a verdade é que sempre ganhou com maioria absoluta. Algo que Miguel Albuquerque tem deixado cair e este caso promete ser mais um mas pode pesar na força da AD nestas legislativas.

Não podemos adivinhar o futuro mas nas eleições que vão acontecer nos 50 anos da democracia em Portugal teremos como um dos principais temas a corrupção. Os portugueses gostam muito do voto útil, o que é cada vez mais a esquerda contra a direita. A continuidade contra a ascensão dos extremos. Tal como a antiga correspondente da RTP, Daniela Santiago, escreveu no seu livro, vivemos também em Portugal uma «Tempestade Perfeita». Esperemos que esta tempestade não nos traga um Milei ou Trump lusitano.

Andreia Rodrigues

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