Edmar Castañeda e Grégoire Maret apresentam sonoridade iberoamericana em Caldas da Rainha

Harpista colombiano e harmonicista suíço atuaram juntos na cidade do Oeste português, no âmbito do Caldas Jazz 2022

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No último sábado, 29 de outubro, o Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha recebeu no seu auditório principal uma fusão musical em torno de dois instrumentos pouco comuns em conjunto. Edmar Castañeda, na harpa, e Grégoire Maret, na harmónica, foram os protagonistas da noite com o espetáculo de apresentação do álbum Harp vs. Harp, de 2019, inserido na programação da edição de 2022 do festival Caldas Jazz.

Durante a entrada dos músicos em palco, a plateia fez ecoar um aplauso tímido que logo se desfez num silêncio sepulcral, antecipando os primeiros acordes solenes que saíram da harpa llanera de Castañeda. A interpretação de No Fear, a par com o segundo tema da noite, Hope, transmitiu para o público um misto de força e delicadeza. Que o harpista não tardou em explicar recorrendo ao nome das canções: “é preciso ter a coragem para não ter medo e a ternura da esperança”.

Seguiu-se a composição Para Jaco, em homenagem ao baixista estadunidense Jaco Pastorius (1951-1987), em que a própria harpa de Castañeda se transformou num autêntico baixo. Uma extensão sonora que voltou a estar em evidência com o tema Acts, que o músico descreveu como “uma bênção” e remeteu para a sua crença religiosa. “Esta canção faz-me lembrar a mensagem do Apóstolo Paulo: continua a caminhar, com força e fé”.

Antes do final do encontro, houve ainda espaço para mais três temas, incluindo o encore. Entre eles tocou-se Santa Morena, versão da composição original do brasileiro Jacob do Bandolim (1918-1969) e um dos temas do álbum do duo que faz referência ao país da bossa nova. A canção não deixou ninguém indiferente e foi a oportunidade ideal para os músicos mostrarem que também se pode dançar enquanto se toca, algo muito característico do jazz latino.

E não é de estranhar esta relação com os sons da Ibero-América, já que, entre as suas colaborações, Castañeda conta com músicos como Paco de Lucía, Ivan Lins ou Pedrito Martínez. Enquanto Maret, vencedor de um Grammy, já trabalhou com Raúl Midón e Tito Puente, ambos estadunidenses com ascendência argentina e porto-riquenha, respetivamente.

Em declarações ao EL TRAPEZIO, os músicos revelaram que este concerto nas Caldas da Rainha foi adiado devido à pandemia. “Estamos muito contentes por finalmente poder vir a Portugal, país de que gostamos muito”, disse Maret. “As pessoas são muito simpáticas, a comida é incrível, e sabemos que vir tocar aqui é sempre algo muito especial”.

“Para mim, é como voltar ao meu país-natal, a Colômbia”, acrescentou Castañeda. “Já vivo nos Estados Unidos há muitos anos e, por isso, não vou lá muitas vezes, mas, sempre que venho aqui, sinto logo uma conexão, como se estivesse em casa”. O que também se reflete na música que o duo interpreta. “É uma mistura de todos estes lugares com o jazz, o funk e outros estilos mais tradicionais: o flamenco, o samba ou o joropo. Esta é também a sonoridade que se ouve em Nova Iorque, onde vivemos”.

O Caldas Jazz, festival onde se insere este concerto, começou no dia 28 de outubro com a apresentação em palco dos Real Combo Lisbonense, e já deu a conhecer, no dia 31, o quarteto da trompetista londrina Yazz Ahmed. Durante esta primeira semana de novembro, prossegue com os concertos do Quarteto Tomás Marques (dia 3), dos Fado Jazz Ensemble – Júlio Resende (dia 4) e de Jacinta (dia 5).

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