Expo 98: 25 anos de uma exposição que mudou a face de Lisboa

Comparte el artículo:

Lembram-se de como era Lisboa, Portugal e o mundo há 25 anos? Muito mudou, claramente para melhor. Agora somos uma cidade cosmopolita que recuperou a sua vocação para se abrir ao mundo. Pessoalmente recordo-me de muito pouco mas a verdade é que a Lisboa que temos agora é bastante diferente da que existia no fim da década de 90 e em muito se deve a exposição mundial que aconteceu na zona oriental da capital. Como a história se repete, foi a Oriente que voltámos a encontrar um tesouro, desta vez cultural.

O local que hoje em dia conhecemos como Parque das Nações, uma cidade moderna dentro da capital de um país com quase 900 anos, eram uns terrenos abandonados que pertenciam a empresas petrolíferas. Parte destes terrenos contaminados ainda existem e é onde está a ser montado o mega palco para a JMJ, em Loures. Talvez daqui a uns anos possamos dizer que a JMJ também ajudou a mudar a cara de Lisboa. Temos que aguardar.

Na RTP Memória, o Herman José (o maior humorista aqui do Porto) fez vários sketchs a volta de uma exposição mundial. Mas esta seria um ano antes, em 19997, na cidade do Porto e teria um Tripanario. Uma espécie de Oceanário mas em vez de ter animais aquáticos só teria as conhecidas Tripas ao estilo do Porto. Pessoalmente prefiro Francesinhas.

Antes de chegarmos ao mês de agosto, período em que vamos receber o Papa e o maior encontro de jovens católicos do mundo, vamos recuar 25 anos no tempo para o primeiro grande evento mundial que o país recebeu após alcançar a sua democracia. Depois desta data tivemos o Euro 2004, Eurovisão 2016, a presidência do Conselho Europeu, uma reunião das Nações Unidos (voltaremos a este evento em breve) e esperemos que em 2030 o Mundial do centenário seja aqui no território ibérico (sem esquecer Marrocos e a Ucrânia).

O novo espaço que nasceu no Oriente, com as suas bandeirinhas esvoaçantes, já recebeu outros eventos de renome. Desde 2016, a Web Summit aterrou na FIL e no Pavilhão Atlântico (recuso-me a chamar a este pavilhão de Altice Arena). Um pouco mais acima naquela avenida temos um dos edifícios mais altos (se não mesmo o mais alto de toda a capital), a torre Vasco da Gama. Muito recentemente a RTP fez no topo desta torre um vídeo promocional com dois dos seus pivôs da informação matutina. Gostei muito de ver esta nova Lisboa, como o Dino Santiago canta.

Quando foi inaugurada esta exposição mundial eu ia fazer seis anos e como criança que era a minha grande memória está associada ao Gil, a mascote deste evento. Os bonecos e restantes souvenirs sobre a Expo podiam ser encontrados em toda a parte, incluindo numa pequena lojinha que ficava em Sesimbra, em frente do mar. Esta mascote, que mesmo mais de duas décadas depois continua no mesmo espaço, foi criada por um menino (mais velho do que eu) originário de Barrancos. Como esta é a terra da minha mãe, para mim a Expo era o Gil e o vídeo promocional com os pequenos a nadarem, bem ao estilo dos Nirvana.

Nesse mesmo vídeo vemos minhotas, baianas e sevilhanas. Todos estavam debaixo de água. Agora compreendo que o vídeo queria transmitir a mensagem que foi da água, do mar, que nascemos e formamos o mundo que todos conhecemos. O mundo, tal como o mar, deve ser protegido. Só mais tarde, quando a Expo fechou e abriu o Parque das Nações é que comecei a conhecer melhor a importância daquele belo lugar com as suas ruas com nomes associados aos Descobrimentos e aos Lusíadas.

Para celebrar os 25 anos desta exposição, o primeiro-ministro (que também esteve envolvido neste projeto) inaugurou uma placa com o nome de António Mega Ferreira, o homem por detrás da Expo 98. Os canhões de água faziam as alegrias das crianças. Quem não gosta de uma bela fonte? Depois de sairmos do Pavilhão do Conhecimento (com as suas bicicletas presas por arames) íamos para o meio destes canhões e esperávamos que disparassem aquele jato de água que irritava os professores (pois ficávamos todos molhados, o que era uma chatice pois tínhamos que voltar para o autocarro) mas era uma alegria para nós. Mesmo vindo de uma zona de praia, Lisboa consegue ser bem quente e estes canhões ajudam sempre a arrefecer não só o corpo mas também as ideias.

Esta Expo (tal como vários dos eventos feitos posteriormente no nosso país) pretendeu mostrar a vocação náutica dos portugueses. Um povo que deu a conhecer mundos ao mundo. Povos que visitaram em massa os diferentes pavilhões temáticos. Para mim dos mais marcantes foi mesmo o de Portugal, com a sua pála que fazia lembrar uma onda.

O dedicado a Espanha foi inaugurado pelo então Rei Juan Carlos, um grande amigo de Portugal e uma das primeiras personalidades mundiais a visitarem esta exposição mundial. A Expo portuguesa foi considerada por muitos das melhores já feitas. Se há algo que os portugueses sabem fazer é receber. No fim de cada uma dessas noites aconteciam espétaculos de luzes na água, na zona onde hoje passeiam pessoas de canoa.

Famílias vão para este parque praticar diversos desportos, andar de teleférico para poder ver o espaço a partir dos céus (algo que nunca consegui fazer devido ás minhas vertigens) ou visitar o Oceanário. Este é um dos espaços mais visitados do Parque das Nações e foi aqui que nos últimos 25 anos que os jovens lisboetas puderam conhecer diferentes espécies marinhas, como é o caso das simpáticas lontras.

Quando era pequena o casal de lontras do Oceanário eram o Eusébio e a Amália. Estes tinham tido como filhos o Figo e o Ronaldo. Sinceramente já não conheço o nome das lontras que agora lá vivem mas quem estiver no Parque das Nações deve marcar um bocadinho para conhecer um pouco mais sobre os nossos oceanos. Voltando ao encontro das Nações Unidas, que aconteceu no último verão em Lisboa, António Guterres lembrou aos jornalistas presentes (aqui quem vos escreve era uma delas) que a organização da Expo foi um dos seus trabalhos como primeiro-ministro  português. Ao seu lado tinha um nome que agora todos conhecemos, António Costa. Esta história foi contada perante um Marcelo Rebelo de Sousa perplexo (o que é o seu habitual).

Que memórias têm da Expo 98 e das mudanças que Lisboa teve nestes quase trinta anos?

 

Andreia Rodrigues

Noticias Relacionadas