Portugal vive os 48 anos da Revolução dos Cravos sem impedimentos

O 25 de Abril foi celebrado com discursos, música e cravos vermelhos ao alto

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A Assembleia da República voltou a receber as comemorações do 25 de Abril. A sessão solene, que aconteceu já sem o uso obrigatório de máscaras e com o novo parlamento eleito, celebrou os 48 anos da revolução. Desde Março, Portugal tem mais anos vívido em democracia do que em ditadura mas não esquece esta última. Um dos grandes momentos da manhã aconteceu depois do hino nacional em que deputados, convidados, membros do governo (exceptuando o primeiro-ministro) e Capitães de Abril levantaram os cravos vermelhos bem alto para cantarem Grândola. Este momento espontâneo foi um dos mais marcantes da sessão.

Na cerimónia também foi relembrado o antigo presidente Jorge Sampaio, que antes da revolução trabalhou como advogado junto dos presos políticos e foi uma das figuras da revolta estudantil. Todos os partidos políticos com lugar parlamentar, Augusto Santos Silva e Marcelo Rebelo de Sousa discursaram perante os convidados e os Capitães de Abril. Todos relembraram os ganhos que Abril trouxe, os últimos anos vívidos em pandemia (onde se cantou Grândola a janela) e a atual guerra na Ucrânia.

O presidente da República apelou a paz e pediu um maior reconhecimento e meios para as Forças Armadas e defendeu que faze-lo é um ato «patriótico» e de defesa da paz. Santos Silva, que realizou o seu primeiro discurso como uma das mais altas figuras da nação, focou-se nas comunidades e referiu que «em tempos tão difíceis, as características da nossa pátria como uma democracia madura, um país seguro e pacífico e uma sociedade coesa e aberta ao Outro, emergem como um valioso património e um exemplo internacional».

Portugal vive o 25 de Abril olhando para o meio século de democracia

Inês de Sousa Real, deputada do PAN, lembrou a desigualdade de género que ainda existe no país (este é o governo mais paritário mas o novo hemiciclo traz menos deputadas) e Rui Tavares, do Livre, assinalou que o 25 de Abril também «fechou um ciclo imperial de quase 500 anos». Um dos deputados mais jovens do parlamento, Bernardo Blanco da Iniciativa Liberal, afirmou que «Portugal está de novo num longo sono». Atualmente o país é o sétimo mais pobre da Europa. Após o fim da sessão, e a saída da Assembleia da República, Costa, Marcelo e Santos Silva foram apupados por um grupo de manifestantes.

Portugal comemorou 48 anos de democracia mas já pensa nos 50 anos, que vai acontecer em 2024. A nova responsável será a historiadora e professora Maria Inácia Rezola Clemente. Em 2018, Costa prometeu acabar com todas «as situações de carência habitacional» mas acredita-se que podem ser 100 mil os casos. Uma sondagem aponta que 83% dos portugueses considera o 25 de Abril relevante ou muito relevante e 57% considera-se satisfeito com o atual curso da democracia. Os portugueses pedem mais igualdade salarial.

Para além dos atos oficiais que aconteceram um pouco por todo o país, a Liberdade voltou às ruas com um vasto conjunto de atividades culturais e o habitual desfile que marca a tarde do 25 de Abril. O Parlamento e o Palácio de São Bento foram alguns dos locais que foram abertos para os populares visitarem.

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