Quinta reunião do Foro Cívico Ibérico: a urgência de repovoar a Raia e a coordenação institucional

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Agora e com um horizonte temporal concreto, o Foro Cívico Ibérico inicia os preparativos para o encontro que a sociedade civil vai realizar de uma forma paralela a Cimeira Ibérica de governos, que se vai celebrar no dia 2 de Outubro, na Guarda.

Os participantes do Fórum estão a propor apresentações e palestrantes para este evento único que vai apresentar um espaço de diálogo e reivindicação para várias associações e cidadãos, vindos da Raia, do iberismo, da defesa do folclore ibérico, do mundo ibero-americano ou da difusão conjunta da língua espanhola e portuguesa.

Embora a reunião deste sábado tenha girado em torno de elementos mais práticos e organizacionais, também houve tempo para um novo brainstorming a ser incorporado num documento conjunto, que será preparado ao longo deste mês.

Da Raia há uma certa expectativa positiva em torno da Cimeira Ibérica e muito se deve a nova: “Estratégia Comum para o Desenvolvimento Transfronteiriço”. O Fórum Cívico pretende que esta estratégia priorize a diversificação económica, as centrais de biomassa, um plano ibérico de gestão da zona de fronteira, novas Eurocidades, equipas de trabalho conjuntas, plataformas colaborativas, potencial turístico e inovação na produção agrícola (investimento em produtos diferentes dos tradicionais e dando formação específica a empresários e trabalhadores para rentabilizar esses nichos de mercado). Da mesma forma, considera-se que, embora existam sectores políticos que não favorecem a aproximação, ninguém deve interferir na mesma.

Por outro lado, acredita-se que é muito importante que os governos tenham consciência de que existe um movimento cívico ibérico com credibilidade e que exige que o escutem e que quer ser útil na acção dos poderes públicos.

Insistiu-se nos problemas de mobilidade e da falta de validação automática dos títulos ou do excesso de burocracia para a contratação de trabalhadores do país vizinho. Aposta-se no associativismo na Raia pois este também ajuda o turismo pela via da concentração de pessoas. É fundamental a preservação do folclore raiano e da divulgação da sua cultura e gastronomia. Também é necessário estimular as rotas raianas na sua verticalidade e horizontalidade.

Este Fórum reúne diferentes sensibilidades. É transversal na ideologia, nacionalidade e regionalidade. Existe uma certa tensão entre o desenvolvimento económico e a preservação da natureza. O esforço está no encontrar uma síntese onde a natureza e o homem convivam em condições para uma preservação mútua. Afirmou-se que as regiões raianas deveriam ser compensadas economicamente por serem menos poluidoras.

Constata-se que muitas são as temáticas e as possibilidades a explorar nas diferentes estratégias comuns de desenvolvimento entre Espanha e Portugal. Um ponto de partida, para evitar divagações que passem despercebidas, é exigir o que não foi cumprido nas outras cimeiras: e que não é pouco. A prioridade mais urgente estaria na melhoria das comunicações, desde uma visão integrada peninsular, europeia e transfronteiriça. Necessita-se, para tal, de estímulos públicos, privados, uma liderança local e de novos habitantes. Só assim romperemos com a dinâmica da despopulação. Colocar fim a uma economia de alfândegas e contrabando, criando uma nova dinâmica de repovoamento com uma nova economia que encontra vantagens na fronteira e na Península Ibérica. Ao contrário de outras fronteiras europeias, a Hispanolusa é subdesenvolvida. O que tem muito a ver com a falta de coordenação permanente entre os dois países. A própria Comissão Hispano-Lusa, que se ocupa dos assuntos transfronteiriços e da preparação das Cimeiras Ibéricas, poderia assumir um papel institucional mais relevante e decisivo, desempenhando um papel permanente de coordenação ibérica. Uma pequena utopia fácil de realizar.

O recente movimento governamental em Portugal, que aposta no olhar para dentro (e para o mercado ibérico), convida-nos a sermos optimistas, o que deve ser retribuído em Espanha com um olhar estratégico para o oeste. Isto numa perspectiva alargada de comunicação mediterrânica até o Atlântico, de Norte a Sul e entre as duas capitais.

A próxima reunião do Fórum Cívico Ibérico será no sábado, 12 de Setembro, pelas 12h00 em Espanha (11h00 em Portugal).

 

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