Entrevista a Katarina Lavmel, promotora da antologia poética polaco-ibérica

Os autores desta obra são poetas da Polónia e da Península Ibérica

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Entrevistamos para o EL TRAPÉZIO Katarina Lavmel, coordenadora e promotora da antologia poética “Azulejo vestido com centauas”, publicado neste mês de outubro numa edição bilingue em polaco e em português. Os autores desta obra são poetas da Polónia e da Península Ibérica que desenvolveram um diálogo poético único entre o Norte e o Sul da Europa. Este livro foi apresentado na cidade polaca de Splupk e no VI Encontro Internacional “Poesia a Sul”, recentemente realizado na cidade de Olhão, no Algarve.

-Pode explicar ao nosso público da Península Ibérica a sua trajectória na poesia?

A minha actividade poética está ligada ao trabalho pela cultura e pela literatura. Comecei a escrever na escola, onde ganhei vários prémios. Foi em 2011, quando o meu primeiro trabalho “Wife of a Bedouin” foi publicado graças ao financiamento de uma bolsa do presidente de Słupsk. Em 2014 publiquei o meu segundo livro poético, “Sussurro e espaço”, e em 2019 lancei um volume em três línguas: polaco, inglês e português. Tenho participado em vários festivais de poesia, como é o Festival Internacional de Poesia Eslava de Varsóvia (2013, 2014), o Festival de Poesia para o Sul, em Olhão – Portugal (2019, 2020) e o Festival de “Poetas em Maio” em Espanha (2020). A poesia faz parte do meu modo de vida, significa muito para mim.

–  Como surgiu esta iniciativa tão singular de realizar uma antologia poética portuguesa-polaca?

Cheguei a Portugal em 2018. Conheci uma cultura completamente nova, a sua natureza, pessoas e uma forma de viver que me inspira todos os dias. Quis mostrar na Polónia a sensibilidade e a poesia que encontrei neste canto da Península Ibérica. Também em Portugal quis mostrar a criatividade polaca. Apresentei um projecto literário para a publicação de uma antologia de poesia polaco-portuguesa na minha cidade natal, Słupsk. A antologia foi criada durante a primavera, no meio sa pandemia, o que dificultou a realização de uma iniciativa internacional. A edição do livro exigiu a actuação de dois tradutores altamente profissionais: Anna Skwarek e Gabriel Borowski. Por fim, temos a obra: 68 poemas com a capa de cantaureas e azulejos azuis.

-Que significado tem o sugestivo título da antologia? (“Azulejo vestido de centauas”).

O título contém dois elementos culturais característicos de cada país. O azulejo português, sempre tão reconhecível. As Centauas simbolizam o elemento polaco. Esta é uma flor silvestre, popular e cheia de beleza. As duas identidades fundem-se numa imagem comum, a flor azul da Polónia e o azulejo português.

-Que aspectos desse diálogo original entre as poesias do norte e do sul da Europa você destacaria?

Encontro inspiração nos dois. Os poemas dos poetas polacos são mais críticos, sociais, filosóficos. Há também poesia romântica ou de temática religiosa. Os artistas portugueses apresentam-nos poemas fortemente ligados à natureza, ao amor e até à destruição. A antologia chega com 34 poetas e 68 poemas de um amplo espectro temático. O diálogo cultural nasce da exposição conjunta de obras de diferentes tradições e formações.

– Que tipo de apoios encontrou para tornar realidade esta publicação?

Recebi apoio para a apresentação do livro da minha cidade natal, Słupsk(norte da Polónia). Os patrocinadores honorários foram: a Embaixadora Polaca em Lisboa, o Senador Kazimierz Kleina, Starosta de Słupsk Paweł Lisowski e os distritos de Powiat Słupski e de Wójt Kobylnica. Os parceiros no projecto são: Biblioteca Pública Municipal de Kobylnica, Associação da Casa Álvaro de Campos de Tavira, Associação Sociocultural Polaca de Lisboa, Centro Cultural Słupsk, Fundação Grande Formato, Rádio Tavira Gilao. Devo acrescentar que este livro também contém 6 fotografias a preto e branco da natureza e cenas de rua em Portugal dos fotógrafos Arturro Sobreiro e José Cabrita Nascimento.

– Tenciona continuar a promover futuras antologias de diálogo poético entre países europeus?

Claro. A diversidade e as especificidades das regiões é uma riqueza que vale a pena mostrar. A diversidade adiciona cor. A cor aproxima as pessoas e evita a xenofobia. Vamos aprender com a tolerância mútua.

– Acharia interessante adicionar poemas em espanhol, sem ter que traduzi-los para o português?

Acho muito interessante. Gostaria de avançar com a ideia de ter mais criadores em Espanha. Esta aberta à cooperação e ao desenvolvimento de associações para o desenvolvimento de um projecto de antologia poética ibero-polaca que incida na diversidade.

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