O Governo português está aberto a falar com a espanhola Renfe para recuperar o Lusitânia, o comboio noturno que ligava Lisboa com Madrid, cujo serviço está interrompido desde março do ano passado devido às restrições de combate à pandemia de coronavírus.
“Para nós é muito importante manter o comboio noturno e temos muito trabalho para fazer com a Renfe. Queremos manter o serviço. Podemos financiar a nossa parte, mas temos de o fazer com os espanhóis”, disse o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Nuno Santos falava numa conferência de imprensa em Lisboa depois do conselho informal do ramo da União Europeia, presidida este semestre por Portugal, que abordou a nova relevância do transporte ferroviário dentro dos planos de recuperação pós-covid dos Estados-membros.
No caso de Portugal, a sua ligação internacional com Madrid através do Lusitânia -um comboio-hotel inaugurado em 1995 que demora dez horas a ligar ambas capitais- foi interrompida pelos fechos de fronteira em março de 2020 e ainda não foi retomada, sendo também afetada por dúvidas sobre a rentabilidade da linha.
“Acho que se somos capazes de ter um contrato público para a ligação internacional, talvez possamos resolver o problema assim”, comentou Nuno Santos ao ser perguntado pelo assunto, antes de ressaltar que “por parte de Portugal estamos prontos para financiar a operação no nosso lado, claro”.
O ministro admitiu que Portugal, nas últimas décadas, não tem investido na sua rede ferroviária, e que “antes de dar a prioridade que muitos querem” às ligações internacionais, “temos que dar uma boa rede à nossa população”.
“Ao mesmo tempo, já fizemos um investimento muito importante nas redes transnacionais”, ressaltou, mencionando a linha que pretende ligar Lisboa com Madrid através de Badajoz “tanto para mercadorias como passageiros”, cuja conclusão está prevista para 2023, e a ligação Lisboa-Porto-Vigo, para se conectar ao norte de Espanha.
“As relações entre Portugal e Espanha são estupendas”, considerou o ministro, que disse que em Portugal “queremos mais”, transmitindo às autoridades espanholas “que precisamos de ajuda para fazer a conexão Aveiro-Salamanca-Madrid e outra entre Faro e Huelva”.
“Para essas duas ligações precisamos mais trabalho entre ambos países”, disse.
A Presidência Portuguesa da União Europeia lançou o Ano Europeu do Transporte Ferroviário, com o objetivo de destacar a ferrovia como “instrumento fundamental” para atingir as metas do Pacto Ecológico Europeu.