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Mendes Faria: “Quem trabalha no mundo empresarial é consciente da realidade do mercado ibérico”

Entrevista a Ana Cristina Faria, professora de português na Universidade Complutense de Madrid

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Ana Cristina Mendes Faria è licenciada em língua e cultura portuguesas, professora de português e formadora profissional há já 15 anos. Chega a Madrid em 2010, onde começa a exercer na Agoralingua com quem continua a colaborar.

No seu currículo como docente, consta a Universidad Complutense de Madrid e a Escuela Oficial de Idiomas (EOI) de Castilla- la Mancha. Atualmente integra a Direção da APLEPES, a Asociación de Profesores de Portugués en España, ponto de encontro entre profissionais do ensino da Língua Portuguesa em Espanha.

 

O que a atraiu para vir a Madrid para trabalhar no ensino de português?

A proximidade. Não há como dizê-lo de outro modo: foi a proximidade geográfica. Fiz parte do grupo de pessoas que foi afetada pela interdição do espaço aéreo.  Certamente já ninguém se lembra, mas há alguns anos um vulcão islandês, cujo nome ainda hoje é impronunciável, foi o responsável por um cancelamento de voos massivo. Isto coincidiu com momentos especialmente duros para a minha família e não me perdoo não ter estado mais presente…  Como dizia, escolhi Espanha por proximidade geográfica, mais concretamente Madrid porque tinha colegas de profissão e amigos que viviam aqui o que me permitiu conhecer, em antemão, a dinâmica da metrópole espanhola para exercer a minha profissão.

Que tipo de aluno inscrever-se nas aulas de língua portuguesa em Madrid?

Há muitos motivos para as pessoas aprenderem línguas, tantos como os que há para aprender Português. Há motivos muito nobres como o interesse pela cultura: tenho alunos que são os melhores promotores de Portugal, verdadeiros apaixonados pelo país, pela gastronomia, pelas tradições e, sobretudo, pelas paisagens. Há também os alunos que não sabem outras línguas estrangeiras e escolhem o Português por ser mais fácil. Mas aquilo que seria, digamos, o público-alvo, o mais comum é aquele que aprende Português por motivos profissionais. Quem trabalha no mundo empresarial é totalmente consciente da realidade do mercado ibérico… e quem trabalha em cargos diretivos é consciente de que o Português, adicionado ao Espanhol e ao Inglês, lhes permite infinitas possibilidades profissionais. O domínio destas três línguas permite cobrir a totalidade do mercado ibero-americano, falamos tanto de abarcar o LATAM como atingir o mercado europeu e americano, o EURAM.

Existe um bom nível de demanda para aprender português?

A procura existente sobre a língua portuguesa é elevadíssima e cobre todos os sectores da língua de um modo transversal: o ensino, a tradução, a interpretação… é um volume tão elevado que temos dificuldades em articular e gerir os diversos sectores de exercício profissional. Todas as empresas, onde exerço, estão a trabalhar em modelos de negócio que contemplam um funcionamento conjunto da realidade ibérica, algumas inclusive vão mais longe e, principalmente na área de estratégia, já contemplam o seu modelo de negócio assumindo a realidade ibero-americana.

Que vantagens e desvantagens tem o ensino de uma língua tão próxima do espanhol?

Tocou num ponto chave. A verdade é que aprender Português é muito gratificante é talvez a língua de referência internacional mais próxima, principalmente se compararmos com outras famílias de línguas mais distantes como as eslavas ou a moda asiática. O Português seria uma solução gratificante para muitas pessoas que vivem frustradas com a aprendizagem de línguas estrangeiras. É surpreendente a quantidade de pessoas que dedica o seu tempo a uma língua que lhe é distante, que não lhe diz nada e cuja gramática lhe parece ilógica. Para todos esses, a escolha da Língua Portuguesa seria uma solução óbvia e acessível. Aprender Português é verdadeiramente uma experiência gratificante porque é possível obter resultados satisfatórios em muito pouco tempo. As desvantagens são igualmente evidentes, ao serem línguas próximas, muitas vezes é difícil fazer um uso correto desta e produzem-se “erros”. Sem embargo, este problema surge mais em alunos que superam o nível intermédio e que são alunos avançados. Sabe… exatamente esta é a minha área de investigação: se o facto de serem línguas próximas nos induz em mais erros. Quero acreditar que não, simplesmente temos de conhecer bem as diferenças, acredito que se nos centrarmos no contraste das línguas podemos conseguir ótimo resultados.

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