Em 1993 foi lançada a primeira edição de “Minho: Existiu uma fronteira?”, sendo novamente editado há uns meses. O autor é uma figura de referência no âmbito socio-cultural e político galego. Luís García Mañá estudou Direito e Antropologia Cultural. Foi Comissário Chefe da polícia da Galiza. Académico correspondente da Real Academia Galega. Realiza um importante trabalho de resgate e difusão da história do Couto Misto. Em 2015 foi eleito Senador por Orense pelo PSOE. Colaborou com o El Trapézio, tendo escrito vários artigos.
“Minho: Existiu uma fronteira?”, apresenta apontamentos históricos, jurídicos e sociológicos que nos transportam para a fronteira do rio Minho, são 75.5 quilómetros de uma viagem histórica que arranca em 1147, com o reconhecimento por parte do Papa de Roma do novo Reino de Portugal. Uma fronteira que separa os dois estados durante quase nove séculos, com uma estabilidade surpreendente mas que nunca ultrapassou o seu aspecto antropológico. Nas palavras do historiador português, José Mattosso, “não houve uma reação política e militar devido ao nascimento do novo reino de Portugal. Este processo é consequência das rivalidades dos distintos oponentes”. Desta maneira, a raia transformou-se num espaço e não numa linha.
O livro é um rigoroso trabalho de investigação, sem pretender ser exaustivo, destacando o seu carácter multidisciplinar. Devido ao conjunto de acontecimentos que a realidade dos nossos dias nos trouxe, esta obra acaba por ser de grande utilidade para todos aqueles interessados na história minhota. De forma especial vai chegar ao coração daqueles que sentem as terras que são regadas pelo Minho. Segundo Luis Manuel Garcia Montero “iremos pela fronteira deste apaixonado rio descobrindo histórias e civilizações”, caminhando por campos ancestrais da antropologia e do folclore numa mesma tradição de mitos e ritos, sentindo a chamada cósmica do velho pai Minho”, como apresenta a obra de Eliseo Alonso.
Desde a primeira edição do livro, em 1993, passaram 27 anos e o fim do século XX, como profetizava o autor “a fronteira perdeu a sua razão de ser devido a circulação de pessoas e mercadorias no contexto da União Europeia”. Dentro do século XXI, esta obra, de referência na investigação de fronteira, leva-nos ao conhecimento e a paixão para seguir construindo, desfrutando e sentindo a ibericidade.