Universidade de Salamanca convoca congresso sobre o iberista brasileiro Gilberto Freyre

O antropólogo ajudou a fortalecer os laços culturais entre Brasil e Espanha

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Coincidindo com o 120º aniversário do nascimento do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987), o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca com o apoio da Fundação Joaquín Nabuco (Ministério da Educação do Brasil) organiza o Congresso Internacional de Ciências Sociais e Humanas: “A Hispanidade e as presenças andalusies e orientais na obra de Gilberto Freyre”.

O evento, que acontecerá nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2020 na Hospedería Fonseca (USAL), busca reunir especialistas, acadêmicos e outros interessados na obra e figura do autor da Casa Grande e Senzala, uma das principais obras da sociologia brasileira no século XX. Os organizadores pretendem estimular novas linhas de pesquisa sobre as relações culturais entre a Península Ibérica e o Brasil.

De acordo com o texto da apresentação: “O iberismo metodológico de Freyre, somado ao um maior conhecimento da colonização espanhola, fez com que o autor ampliasse a área cultural luso-tropical à hispano-tropical, que inclui a primeira sem dissolvê-la. A sua hispanidade panibérica, inspirada parcialmente no ensaio A Aliança Peninsula do seu amigo Antonio Sardinha, se refletiu na caracterização do Brasil como um país duplamente hispânico (ibérico), dando ênfase ao decisivo período filipino para a formação do Brasil. Para Freyre, o Brasil estava convocado a exercer um papel geopolítico mediador e dinamizador da civilização hispano-tropical, em sentido de ibero-tropical, agrupando a todos os países de língua espanhola e portuguesa numa federação de cultura”.

Gilberto Freyre, membro de honra do Instituto de Cultura Hispânica, foi pioneiro em se interessar pelo substrato cultural andalusí da identidade ibérica que foi exportado por espanhóis e portugueses para a América. O antropólogo brasileiro visitou Espanha 8 vezes e 3 vezes Salamanca, cidade à qual dedicou poesia e pela qual sentiu grande simpatia. Sua primeira visita a Salamanca foi durante a guerra civil, a segunda em 1956 -que incluiu uma visita à Casa-Museu de Unamuno- e, finalmente, em 1969, quando foi convidado pela Câmara Municipal como convidado de honra, dando uma palestra na Faculdade de Direito e no Colégio Mayor Hispano-americano Hernán Cortes, onde recebeu o reconhecimento da colegial de honra.

A conferência inaugural (“Um Outro Ocidente”) será ministrada por Elide Rugai Bastos, professora brasileira autora do livro “Gilberto Freyre e o pensamento hispânico” (2003). José Antonio González Alcantud, catedrático de antropologia da Universidade de Granada, recentemente premiado na Itália com o Prêmio Internazionale Giuseppe Cocchiara, dará a conferência de encerramento (“Orientalidade Ibero-americana na perspectiva antropo-histórica entre Alexandre Herculano, Américo Castro e Gilberto Freyre”).

A palestra de Mário Hélio Gomes de Lima, membro da diretoria da Fundação Joaquim Nabuco (Ministério da Educação do Brasil), tratará da “Hispanotropicologia: um conceito que une civilizações, entre espelhos e miragens”. Pablo González Velasco apresentará sua conferência sobre o lado ativista de Gilberto Freyre como membro de honra do Instituto de Cultura Hispânica. Angel Espina, diretor do Mestrado em Antropologia da Ibero-américa da Universidade de Salamanca, desenvolverá sua apresentação sobre “Gilberto Freyre como precursor da antropologia ecológica”.

Para mais informações, pode consultar o site oficial do congresso.

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