Foram três horas de reunião com 20 participantes no primeiro encontro preparatório do Fórum Cívico Ibérico da Guarda, onde destaco o equilíbrio da participação entre espanhóis e portugueses, representantes de diversas organizações culturais, políticas, sociais, empresariais, linguísticas e transfronteiriças que intervieram nos seus idiomas nativos.
Foi feito a medida para que se possam juntar pessoas da sociedade civil Ibérica com diferentes visões, procedências e sectores mas todos com animo de estreitar as relações entre Portugal e Espanha. Ao fim e ao cabo, o pré-requesito para este acordo é o diálogo, algo que vem sendo impulsionado pelo El Trapézio, a primeira plataforma mediática Ibérica.
As apresentações giraram em torno de cada organização e como estas podem ajudar o evento, de que forma podem contribuir na sua logística. Muitos dos participantes assinalaram a urgência para consolidar este espaço para romper a dinâmica de ignorância sobre a parte Oeste da Península. Outros sublinharam a grande potencialidade deste fórum porque a ideia de irmandade peninsular, que entusiasma a muitos. Assim mesmo, mencionou-se a importância de incorporar a juventude.
Foram muitas as ideias que se compartilharam nesta primeira reunião. Irei enumerar algumas delas: organizar ibericamente grandes eventos como o Mundial de 2030 ou as Olimpíadas de 2032, o que poderia dar um grande impulso nas Infra-estruturas ibéricas (como por exemplo, a conexão ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid). A temática do meio ambiente também teve a sua atenção com propostas como: a gestão dos rios ibéricos, a potenciação do comboio em relação ao avião e a transição energética. Igualmente se mencionou os problemas de harmonização da fronteira (com as matrículas dos automóveis), a necessidade do estatuto do trabalhador transfronteiriço, o impulso da mobilidade estudantil e os problemas que as Eurocidades vivem. Outro obstáculo e a pouca e, algumas ocasiões, má comunicação social entre Espanha e Portugal, o que provoca prejuízos ao simplificar e generalizar o país vizinho. O que fortalece, por sua vez, as narrativas de isolamento e fecho de fronteiras. Tudo isto se traduz nos danos económicos, tanto no turismo como no comércio de fronteira. Também se assinalou a importância de consolidar a língua portuguesa, em reciprocidade, no espaço das Eurorregiões.
No desafio do pós-pandemia, falou em aprofundar um acordo marcante sobre a cooperação sanitária transfronteiriça, assim como a criação de uma unidade Ibérica de coordenação de emergência, uma política de medicamentos e uma estratégia conjunta de inovação tecnológica.
Frente a mistura de folclore e burocracia, que predomina nas Cimeiras Ibéricas e este Fórum Civil Ibérico pretende pressionar os governos para que os acordos não sejam apenas papel. Esperemos que estes acordos incluam as nossas propostas.
Com esta iniciativa, o El Trapézio estabelece um canal para debater ideias nos diferentes blocos temáticos: 1) Infra-estruturas e instituições na construção do espaço ibérico; 2) Economia circular e mecanismos de financiamento da fronteira Ibérica; 3) Turismo sustentável na Raia Ibérica; 4) Harmonização académica, desportiva, empresarial, laboral, horária e de limite de fronteiras; 5) Promoção Interna e externa das línguas ibéricas. Intercompreensão; 6) Energia e meio ambiente; 7) Governação transfronteiriça. Eurocidades e AECTs; 8) Segurança e proteção civil; 9) Respostas frente a pandemias e crises; 10) Associativismo transfronteiriço. Sociedade civil; 11) Empreendorismo e internacionalização; 12) Meios de comunicação ibéricos.
Os participantes estão a juntar ao conteúdo estes blocos temáticos, enviando propostas para o correio eletrónico do El Trapézio ([email protected]), e serão distribuídas pelos participantes nesta reunião.
Ficou decidido que as próximas reuniões serão temáticas até haver uma data fixa. Como plano B temos a data da Feira Ibérica do Turismo na Guarda, de 2 a 5 de Outubro, caso a Cimeira Ibérica seja cancelada. A ideia é que o Fórum Cívico Ibérico se realize sob qualquer circunstância política, sempre e quando as condições sanitárias o permitam.
A próxima reunião será no dia 13 de Junho (às 12 horas em Espanha e às 11 horas em Portugal) onde os temas de debate serão: a harmonização académica, desportiva, empresarial, laboral, horária e de limite de fronteiras. E, por segundo, a promoção Interna e externa das línguas ibéricas (intercompreensão).
Acabámos de conhecer que os presidentes da Estremadura e o galego pediram a Pedro Sánchez que as Eurocidades tenham um papel na abertura da fronteira se não for possível abri-la em toda a Raia, algo que claramente é fruto da pressão exercida pelo Manifesto das Eurocidades Ibéricas. Sem dúvida, devemos seguir pressionando para que as promessas sem tornem uma realidade.
Sejam bem-vindos ao recém criado Fórum Civil Ibérico da Guarda.