A Universidade Autônoma de Madrid (UAM) sedia até sexta-feira um seminário que questiona a idéia de que seus protagonistas eram “homens mais ousados do que educados, desprovidos de entendimento científico”, como seus organizadores afirmam, entre eles, a Embaixada de Portugal.
“Diante desta visão tendenciosa” -afirma-se na apresentação- “Este seminário internacional tem como objetivo colocar a expedição no âmbito do seu tempo, e descobrir e explicar os avanços e conhecimentos técnicos e científicos que chegaram às monarquias ibéricas muito antes daqueles no norte da Europa, que copiaram tais descobertas para proclamá-los no século XVII como algo original e próprio”.
O seminário pretende apontar as conseqüências da viagem, como o primeiro mapa-múndi completo de leste a oeste. José María Moreno, chefe da seção de cartografia do Museu Naval de Madrid, afirmou que “como resultado da expedição Magalhães-Elcano no século XVI tornou-se uma idade de ouro para a cartografia espanhola”, que foi usado como um “instrumento de diplomacia e propaganda”.
Para Antonio Sánchez, professor da UAM da filosofia da ciência, a circum-navegação, que durou mais de mil dias, foi realizada por “homens empíricos”, fundamentais para o desenvolvimento de uma “ciência aplicada à cosmografia e à navegação”. As monarquias ibéricas eram “uma grande agência para a criação do conhecimento. Criaram ofícios, antes da expedição, para preencher o espaço entre o prático e o teórico”. E a própria expedição gerou “um grande corpus de conhecimento”, “um levantamento em grande escala de dados”, diz o professor Sanchez. Dados que foram usados para escrever tratados que foram rapidamente traduzidos e divulgados no norte da Europa e ajudaram a estabelecer as bases para a ciência.
O seminário começou ontem e termina na sexta-feira, como indicado pelo programa. É organizado pelo Instituto Camões, a Embaixada de Portugal de Madrid, a Universidade Autônoma de Madrid e o Instituto Universitario La Corte en Europa de la UAM.