António Costa visita as obras do Corredor do Sudoeste Ibérico, dando visibilidade a um projecto tabu

Um conjunto de intervenções ferroviárias entre Sines e a fronteira com Espanha está em obra ou em desenvolvimento

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António Costa visitou as obras do Corredor do Sudoeste Ibérico e afirmou que “as obras de construção do Corredor Internacional Sul, a maior extensão de linha ferroviária nova adjudicada nos últimos 100 anos em Portugal. A construção desta linha entre Évora e a fronteira é o maior investimento público no Alentejo desde a barragem de Alqueva”.

Com este grande projeto, afirmou, de todo o Corredor Internacional Sul, “será encurtada a distância entre Sines e a fronteira em cerca de 150 km, permitindo reduzir o tempo de trajeto em 3h30m. Isto significa aumentar brutalmente a competitividade do Porto de Sines. Também o porto de Setúbal e o porto de Lisboa ficarão ligados à fronteira e, para além do transporte de mercadorias, haverá uma melhoria muito significativa do transporte de passageiros, aproximando toda a Península Ibérica”.

O primeiro ministro declarou que “estamos num processo de transformação na mobilidade, que as alterações climáticas vão acelerar cada vez mais, de mudança de transporte automóvel para o transporte coletivo e cada vez mais para a ferrovia. Apostar no cluster da ferrovia é apostar na economia do futuro”.

“Isto é tudo aquilo que está previsto no Ferrovia 2020” e que envolve “um investimento global na ordem de 700 milhões de euros”, disse o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, numa cerimónia em Alandroal (Évora). Fonte da IP explicou à agência Lusa que este total envolve os 480 milhões de euros das empreitadas do Corredor Internacional Sul (Corredor do Sudoeste Ibérico), para ligar o litoral à fronteira com Espanha, por Elvas (Portalegre), e o investimento em diversas outras obras de ligação a este projeto.

Na cerimónia, num dos troços em construção do Corredor Internacional Sul, no concelho de Alandroal (Évora) e perante o primeiro-ministro, António Costa, o vice-presidente da IP destacou que este projeto é “uma obra emblemática da ferrovia nacional”. “Esta é uma obra há muito planeada, há muito ansiada e que vai ter um papel disruptivo na oferta de mercadorias e de passageiros” do Alentejo e do país, frisou o responsável.

Ao enumerar os projetos que já estão em obra ou em desenvolvimento, Carlos Fernandes começou pelo litoral, com a intervenção de requalificação de acesso ao Porto de Setúbal, que tem “projeto concluído” e “protocolo praticamente em condições de ser assinado” com a administração portuária.

“Estamos só a aguardar que seja aprovada a introdução deste investimento no orçamento do Porto de Setúbal para lançarmos uma obra que é importante” para a “acessibilidade do Porto de Setúbal a este Corredor Internacional Sul”, referiu. Uma obra “pronta a arrancar”, previsivelmente “nas próximas semanas”, é a da “modernização da ligação do Porto de Sines à Linha do Sul”, indicou. Na zona de Vendas Novas, no distrito de Évora, está já concluído o projeto e efetuado o concurso, encontrando-se “em fase de adjudicação” a ligação de mercadorias do Sul ao Norte de Portugal, “uma obra absolutamente fundamental, nomeadamente para o Porto de Sines poder escoar as suas mercadorias” para esta zona do país, destacou também Carlos Fernandes.

Já entre Évora e a fronteira com Espanha, o vice-presidente da IP lembrou que a modernização da Linha do Leste, em Elvas, “está concluída”, enquanto, das outras quatro empreitadas, três “estão já no terreno”, em execução, entre Évora Norte e a Linha do Leste. “Segue-se uma quarta empreitada, que irá construir o troço entre a atual estação de Évora e o início do novo troço”, assim como “toda a superestrutura de via” e o que “é necessário para que os comboios possam começar a circular”, referiu.

Quando estiver concluído -segundo o Governo em 2023-, o Corredor Internacional Sul vai ter impactos positivos, tanto no transporte de mercadorias, como no de passageiros, segundo Carlos Fernandes, que aludiu ao aumento da competitividade e da capacidade de carga, redução dos tempos de trajetos ou ligações mais diretas. A IP disse ainda estar “a trabalhar” com os municípios locais, como Alandroal, Vila Viçosa, Redondo ou Vendas Novas, para “identificar localizações para terminais rodoferroviários que permitam transferir estes benefícios para a região”.

Em conjunto com a Câmara de Évora, está a ser avaliada “a viabilidade técnica e económica de um terminal” naquela zona, acrescentou Carlos Fernandes. O Corredor Internacional Sul (Sudoeste Ibérico) estará pronto, segundo o Governo Português, em 2023, tanto para mercadorias como para passageiros. As obras deste corredor foram invisibilizadas por vários mal-entendidos da opinião pública portuguesa decorrentes dos interesses do corredor atlântico e do tabu gerado com o caso Sócrates, a ligação a Madrid e a crise de 2008.

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