Existem jogadores, agentes, advogados e dirigentes “de topo dos três grandes” clubes desportivos entre os 47 arguidos da operação “Fora de Jogo”, que está a investigar suspeitas de crime de fraude fiscal qualificada e também de branqueamento de capitais.
De acordo com o Ministério Público, “no inquérito, investigam-se negócios do futebol profissional, realizados a partir do ano de 2015, e que terão envolvido atuações destinadas a evitar o pagamento das prestações tributárias devidas ao Estado português, através da ocultação ou alteração de valores e outros atos inerentes a esses negócios com reflexo na determinação das mesmas prestações”.
A investigação voltou assim a pôr no topo da agenda mediática a fraude fiscal e os esquemas de branqueamento de capitais, mas também a situação de Rui Pinto, o hacker que está por trás do Football Leaks e também do Luanda Leaks – que colocou os negócios da empresária angolana Isabel dos Santos sob investigação.
Depois de várias manifestações que juntaram centenas de pessoas a favor da libertação de Rui Pinto e de vários protestantes terem interrompido os trabalhos no Parlamento, ganha força uma petição que conta já com mais de 100 figuras públicas. No texto, que conta com assinaturas de ex-ministros, escritores, eurodeputados e jornalistas, pode ler-se: “A aplicação da prisão preventiva – com períodos de isolamento absoluto – a um cidadão português, quatro anos depois da alegada prática de um crime de extorsão na forma tentada, é inédita em Portugal”.
Agora com a operação “Fora de Jogo” no topo da agenda, voltam a somar-se vozes sobre a situação de Rui Pinto e em Portugal debate-se novamente se devemos castigar os denunciantes ou os denunciados. Por exemplo, Ana Gomes, antiga eurodeputada que tem acompanhado de perto o caso, aproveitou para partilhar no Twitter uma mensagem de Rui Pinto. “Durante anos, e apesar dos constantes alertas de que Portugal se tornara numa plataforma de lavagem de dinheiro da cleptocracia angolana, as autoridades judiciárias e de regulação nada fizeram. Como cidadão fiz simplesmente o meu dever ao ajudar a expor este e outros crimes, e mesmo sabendo de antemão da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo em Portugal, voltaria a fazê-lo”, escreveu o pirata informático.