Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao Brasil para a Bienal de São Paulo, mas com um novo irritante com Bolsonaro

Chefe de estado português desterrou uma placa comemorativa da travessia do atlântico e reuniu-se com Lula da Silva

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viajou para o Brasil para o arranque da Bienal do livro de São Paulo e para celebrar o centenário da travessia do Atlântico. A comitiva portuguesa realizou esta viagem num avião da TAP decorado com a cruz de Cristo e batizado de Santa Cruz, o nome do hidroavião usado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral para realizar a travessia aérea que ligou as duas nações. Ainda este ano, o presidente português voltará ao Brasil para a cerimónia que marcará, a 7 de setembro, os 200 anos de independência em relação a Portugal.

Já no Rio de Janeiro, onde deu um mergulho nas praias de Copacabana, Marcelo Rebelo de Sousa, descerrou uma placa numa sessão comemorativa dos cem anos da travessia aérea do Atlântico Sul, na zona portuária no centro da cidade. Aí falou sobre o abraço que atravessou o oceano. Durante a viagem, o presidente português defendeu que Portugal e o Brasil são feitos graças ao cruzamento de pessoas e culturas de várias latitudes.

Isto porque são os povos e não as lideranças que fazem uma pátria. Também na cidade carioca foi recebido pela comunidade portuguesa no consulado geral português, em Botafogo. Segundo o presidente, o que importa nesta viagem são as pessoas. Tanto a importante comunidade portuguesa no Brasil como vice-versa.

Rebelo de Sousa em São Paulo apelou a leitura como uma forma de combater a pobreza

Em São Paulo (onde a sua família foi obrigada a viver por causa do 25 de abril), participou na abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado. A bienal vai acontecer até ao dia 10 de julho e vai colocar os dois países em conversa. O Pavilhão de Portugal está decorado com os típicos elétricos amarelos de Lisboa. A comitiva portuguesa é composta por 21 escritores (não só portugueses) e dois chefes de cozinha.

No discurso que fez na abertura da 26.ª Bienal Internacional do Livro de SP, Rebelo de Sousa foi aplaudido quando defendeu que a «saída para a pobreza é a cultura». Durante esta cerimónia por várias vezes ouviram-se gritos contra Jair Bolsonaro. Do grupo de escritores, que tem em Valter Hugo Mãe o nome mais conhecido pelos brasileiros, também participa a Prémio Camões Paulina Chiziane (a primeira mulher africana a alcançar esta distinção) e o timorense Luís Cardoso. O centenário de Saramago será evocado através de uma exposição e alguns debates. A obra de Agustina Bessa-Luís, desconhecida de muitos brasileiros e contemporânea do Prémio Nobel da Literatura, também vai ganhar um novo foco nesta feira.

Da agenda oficial fazia parte uma ida a Brasília para almoçar com Jair Bolsonaro só que o presidente brasileiro decidiu cancelar por escrito este encontro pois o mesmo iria acontecer após uma reunião com Lula da Silva. Sobre este cancelamento, algo bastante criticado por diplomatas e ex-governadores (como é o caso de Flávio Dino, do PSDB do Maranhão), Rebelo de Sousa considera que não há drama e que «no Brasil nunca há problemas».

Marcelo Rebelo de Sousa também se reunirá com os antigos presidentes Fernando Henriques Cardoso e Michel Temer. «o presidente português não tem que tomar partido na vida política brasileira», disse. Sobre o encontro com estas três figuras, o estadista português lembrou que caso fossem portugueses faziam parte do órgão consultivo que é o Conselho de Estado e reúne as principais figuras da sociedade. A visita a Lula, que provocou a ira de Bolsonaro, aconteceu na residência oficial do cônsul-geral de Portugal em São Paulo. Esta foi a primeira vez que um presidente, já em território brasileiro, é desconvidado de um encontro oficial com o seu homólogo.

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