3.ª Feira Ibérica de Teatro promove “sinergias” entre mais de uma centena de profissionais

Nos quatro dias do evento, estiveram presentes produtores, companhias, artistas e criadores de teatro de Portugal e Espanha

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A cidade do Fundão, aos pés da Serra da Gardunha, acolheu até este sábado a terceira edição da Feira Ibérica de Teatro (FIT), em que participaram cerca de 150 profissionais da área. Para além das atividades de formação e negócio, que proporcionaram intercâmbios de vários espetáculos entre portugueses e espanhóis, houve também espaço para 16 performances destinadas ao público em geral.

Durante toda a Feira, viveu-se um ambiente de partilha e de curiosidade pelo desconhecido (que logo se tornou apetecível). Por isso, vários criadores e produtores realçam o “saldo positivo” do evento, como Celina Gonçalves da companhia covilhanense Teatro das Beiras, enquanto outros, como o criador João Figueira, salientam que a FIT é o lugar “de eleição” para estabelecer “pontes e sinergias” no mercado teatral ibérico.

Em termos de programação, o evento destacou-se pela oferta variada e para todos os gostos. Logo no primeiro dia, a coprodução extremenha e portuguesa Quien se llama José Saramago evocou a memória do escritor premiado com o Nobel da Literatura 1998, e a sessão de abertura da FIT mostrou o que de melhor têm os cantes tradicionais com as Adufeiras do Paul, um grupo de 20 mulheres de várias idades que representam a alma portuguesa dos pés à cabeça.

O teatro de marionetas foi também um dos géneros mais representados na edição, embora com temáticas muito diferentes. La primera noche de los niños-pájaro ofereceu ao público uma história triste e inspiradora sobre o sofrimento e a solidão de crianças ao abandono – uma peça infantil com um significado bastante adulto. Para um público já mais maduro esteve Celestina Infernal, uma representação erótica e macabra da personagem conhecida do imaginário literário espanhol, mas que mesmo assim não deixou também de provocar surpresa e gargalhadas nos portugueses.

A máscara, de todos os recursos teatrais presentes, foi dos mais utilizados. El Amo, da companhia sevilhana PanPán, trouxe com este elemento uma linguagem mais reflexiva e expressiva, aliando o silêncio e a ausência de diálogos à performance, enquanto o espetáculo Fardo, por exemplo, usou a máscara como instrumento criativo de comédia e interação com o público, que se entregou completamente à atuação.

Embora com o foco no teatro e nas fusões deste com outras artes, a FIT expandiu-se também nesta edição para outros terrenos, como a dança e o circo. #Queoscurezca libertou da carga negativa que a pandemia veio trazer com um espetáculo animado e multidisciplinar, juntando a dança à música. Já Peus Dalt, da companhia valenciana Spinish Circo, aliou as artes circenses à voz, ao teatro e à dança, trazendo uma reflexão (ao som da canção reivindicativa “Al Vent”, de Raimon) sobre “como vivemos em sociedade o individualismo, esquecendo-nos que o coletivo reforça o indivíduo”, explicou ao EL TRAPEZIO o intérprete Edu Martínez.

Sem apontar ainda datas, o organizador e diretor de produção da companhia EsTe Estação Teatral, Alexandre Barata, confirmou a quarta edição, sublinhando a vontade e a motivação para que seja melhor do que aquela que se viveu esta semana.

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