Muito falamos da pobreza energética durante o inverno mas a verdade é que estas também não estão preparadas para as alturas de maior calor. O Instituto Ricardo Jorge, que tem a sua sede na cidade do Porto, aponta para a vulnerabilidade que a população portuguesa tem as temperaturas extremas. Quando o calor aumenta, a mortalidade triplica em Portugal. Por mais que as temperaturas aos poucos estejam a descer, temos que nos questionar porque em dois países claramente mediterrâneos (como é o caso de Portugal e de Espanha) as pessoas sofrem tanto com as temperaturas extremas?
Os primeiros 15 dias do mês de Agosto, marcado pelas férias e pelo drama dos incêndios, tiveram a maior taxa de mortalidade da última década e tudo por causa do calor. Em pouco mais de vinte dias, morreram mais de 1300 pessoas por causa do calor. As temperaturas elevadas, a inadequada climatização dos ambientes, deficiente controlo de doenças crónicas, falta de cuidados de saúde atempados e os acidentes levaram ao aumento do número de óbitos. Olhando para Espanha, este verão foram registadas 2600 pessoas mortas por causa do calor.
A ONU não tem falado apenas sobre a fome em Gaza. A organização, liderada por António Guterres, pede a ação urgente das empresas e dos governos porque o calor ameaça não só os trabalhadores mas também a produtividade dos mesmos. Alguns países, como a Grécia, quando há uma onda de calor pede para que os trabalhadores não trabalhem no exterior nas alturas em que os valores estão mais elevados. As populações dos locais onde se registam estas ondas de calor, como é o caso de Barrancos e de Sevilha, estão a adotar métodos antigos.
A produtividade laboral desce entre 2% e 3% por cada grau Celsius acima dos 20°C. Golpes de calor, desidratação, disfunções renais e distúrbios neurológicos. Quem consegue dormir quando está muito calor? Metade da população mundial sofre consequências do calor extremo. Como alerta um relatório apresentado pela Organização Mundial de Saúde.