Imaculada Conceição, a cabeça coroada de Portugal

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Quando falamos na «padroeira» de Portugal, automaticamente pensamos em Fátima. Afinal faz parte de um dos três fs que representava o país durante o Estado Novo (e ainda agora, se formos sinceros). Antes de Fátima, a maior peregrinação em Portugal (pelo menos aquela que era do agrado da família real, como os diferentes vestígios arqueológicos encontrados demonstram) e do território ibérico era a dos círios, que acontece no cabo Espichel.
A padroeira portuguesa tem muita haver com a restauração da independência durante muito tempo o dia da mãe foi celebrado a 8 de dezembro. Entretanto este dia foi mudado para a primavera.

O duque de Bragança depositou a sua coroa aos seus pés e assim foi «criada» a Imaculada Conceição em 1646. Após os acontecimentos em Lisboa (imagino como seria a história de terem atirado o representante da coroa espanhola pela janela em plena avenida. Provavelmente as atitudes dos revoltosos seriam transmitidas em direto no tik tok e restantes redes sociais), os revoltosos dirigiram-se até ao Paço de Vila Viçosa e foi lá que D. Luísa de Gusmão (no EL TRAPEZIO já falámos sobre o mais recente livro que retrata a figura que ajudou a reconquista da independência) proferiu a mítica frase «é preferível ser rainha um dia do que duquesa toda a vida». Uma figura espanhola que ajudou a mudar o destino de Portugal.

Foi também no Alentejo que a defesa da nacionalidade foi feita muito graças a grupos de ciganos (grupo que continua a ser discriminado no Portugal moderno) armados. Naquele período também foram construídas um conjunto de castelos e fortalezas que agora estão a ser recuperados para serem visitados e assim impulsionar o turismo raiano. Um dos castelos que foi alvo de arranjos, para ser o mais fiel ao seu traçado original, foi o de Barrancos (espero que tenham mantido a magia de Nodar com a sua serpente guerreira de monho).

Como foi lembrado no último «casamento real» (os meios querem criar um novo entre D. Afonso de Bragança e Vitória Federica, sobrinha do rei de Espanha).
A coroa de Portugal continua aos pés da sua verdadeira rainha pois desde o início do reinado da casa de Bragança que nunca esteve muito tempo no topo destas canecas coroadas.

A Imaculada Conceição, que na realidade é a Virgem Maria, é uma santa que tem uma grande aceitação no Alentejo ou onde quer que haja um alentejano. Afinal foi naquela região que o duque de Vila Viçosa consagrou o país a esta santa.

Em 25 de março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal em relação à Espanha. Para agradecer este feito a coroa recentemente conquistada foi colocada aos pés desta santa. Logo podemos afirmar que ainda há uma cabeça coroada em território lusitano?

Em Barrancos, de onde a minha família materna é natural, este período é marcado por uma procissão da santa e pelo acender do madeiro. Não sei se isto ainda é feito mas segundo a minha mãe o valor desta fogueira era tão grande que eles (que trabalhavam num café) andavam de manga curta. Estamos a falar das noites de inverno no Alentejo que são muito mais frias do que aqui no litoral. Mas estas são histórias antigas de outros tempos e de outras latitudes.

Esta santa também é celebrada em Espanha e nos países hispano-falantes. Este culto começou com o milagre da batalha de Empel, que aconteceu durante a Guerra dos oitenta anos na Flandres. Carlos III, que era um grande devoto desta santa, criou uma ordem dedicada a virgem e a declarou como patrona de todos os territórios espanhóis e respectivas possessões.

 

Andreia Rodrigues