De 12 a 27 de Agosto, período em que Luís Montenegro estará de férias (não se sabe ainda muito bem onde), o primeiro-ministro português em exercício será Paulo Rangel. O antigo eurodeputado vai ser lider do Governo da AD sensivelmente durante uma semana (ou pouco mais). Um novo feito que Paulo Rangel poderá colocar no seu CV que foi primeiro-ministro e para tal nem teve que ganhar eleições (as últimas, no PSD, perdeu).
Com a chegada do «querido mês de Agosto», os políticos portugueses vão de férias para a praia e é a partir dos areais (muitas vezes algarvios) que comentam as notícias de última hora. Sejam as más (habitualmente, e nesta altura do ano, costumam ser os incêndios o nosso principal problema) ou as boas. Todos precisamos desse tipo de notícias.
Como foi o ouro conquistado pela dupla portuguesa de ciclismo nos Jogos Olímpicos que levou a que Marcelo Rebelo de Sousa comenta-se este feito em direto de Monte Gordo. De calções de banho e boné na cabeça (só faltou o pau de gelado na mão) falou como se estivesse de fato no meio de Lisboa. Uma prenda de verão para emoldurar para o resto do ano (e lembrar que a praia existe). A política não tem que ser sempre cinzenta e chata.
No mês da silly season, os jornalistas e os políticos correm para o areal. A eurodeputada Marta Temido já anda por lá e André Ventura está a reforçar a sua segurança (deve estar com medo que lhe aconteça algo ao estilo de Trump) para poder ir de férias. A palavra sagrada que todos esperamos durante os doze meses do ano e não podemos esquecer que o verão não é eterno. Para tristeza de muitos de nós.
Só que nem o mundo ou o país param para que os políticos possam ter alguns dias de descanso (merecido ou não é algo que deixo para que vocês decidam). Ainda teremos saudades do presidente-comentador quando tivermos que eleger o próximo ocupante do Palácio de Belém. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o almirante (que ja disse que não seria democrático afastar um militar da política só por causa da sua carreira nas FA) Gouveia e Melo são os principais candidatos nesta corrida. Que ainda nem começou mas já começamos a falar sobre a mesma. Serão as próximas eleições, isto se o governo de Montenegro aguentar até lá.
Com Marcelo de férias, quem é o presidente em exercício? Talvez o Marques Mendes, o tarólogo mais certeiro do país, que anuncia tudo na televisão antes que as coisas aconteçam. Voltando ao primeiro-ministro em exercício, Paulo Rangel, ele nesse espaço de tempo terá que gerir vários temas delicados, tanto dentro como «fora de portas». Já que a segurança de um país começa fora das suas fronteiras, como lembram os analistas políticos.
Em Portugal, a saúde está a «ferro e fogo» com as urgências de obstetrícia fechadas um pouco por todo o país e com os casos de grávidas que não são atendidas ou que têm partos extremos (como foi o caso de uma grávida que teve o seu parto dentro de uma ambulância em cima da ponte 25 de Abril) a abrirem os noticiários. Estes são apenas alguns exemplos do pobre estado do SNS. Para além deste tema há sempre a política internacional, a pasta de origem de Paulo Rangel. E aqui temos o caso da Venezuela e as suas ramificações. O Governo português exigiu a libertação de um ex-governador da oposição, Williams Dávila Barrios (que tem nacionalidade portuguesa), ao regime de Maduro de forma imediata e incondicional. Os olhos de Rangel em São Bento têm que ir além do Tejo.
Muitos são os temas «quentes» mas habitualmente o PM em funções apenas tem que agarrar o leme de um barco chamado Portugal até a volta do timoneiro. Habitualmente a função de primeiro-ministro em funções recai sobre o segundo ministro com maior ranking no governo. O que costuma recair sobre os donos (ou donas) das pastas dos Negócios Estrangeiros ou finanças. O título de primeiro-ministro não é uma criação de Luís Montenegro, já que Costa quando ia de férias também deixava substitutos. E na altura do socialista estávamos com uma Geringonça. Tínhamos três forças políticas no poder e os respectivos líderes partidários rodavam as férias entre si para haver sempre uma voz a comandar a «tropa lusitana». Mário Centeno, que António Costa queria que ficasse no seu lugar sem ter que recorrer a eleições (ao melhor estilo britânico), já ocupou este cargo.
Andreia Rodrigues