Como mais impostos nos combustíveis podem ajudar na descarbonização? Se queremos ser livres dos combustíveis fósseis e virar um continente verde até 2050 é necessário tomar acções verdadeiras para conseguir baixar a temperatura do planeta para não serem comuns situações catastróficas como a que aconteceu nas cheias na Alemanha. Ainda há tempo para mudar?
Como fazer isso sem perder o estilo de vida ao qual todos estamos habituados e do qual ninguém quer «abrir a mão»? Sabem qual é a resposta certa? Impostos, esta é a resposta pois ataca directamente nas nossas carteiras que estão mais vazias (isto porque os rendimentos diminuíram mas os custos se mantiveram e até aumentaram). O ministro das Finanças português garantiu que esta crise, ao contrário da anterior, vai ser enfrentada sem ter que se «apertar o cinto», algo que os portugueses tiveram sempre que fazer. Um aumento do consumo das famílias, mais ou menos como está a ser feito nos Estados Unidos, pode ser uma das táticas a optar para a recuperação económica mas para tal os rendimentos não podem ser os mesmos de 2019.
Mesmo com a pandemia presente nas nossas vidas há quase dois anos e com o teletrabalho a ser algo bastante comuns nas nossas rotinas, o preço dos combustíveis estão a subir em Portugal e actualmente estão no valor máximo visto desde há 9 anos. A gasolina está cada vez mais cara e os preços passam um pouco de lado, escondidos no meio das notícias sobre a Covid e sobre os mais recentes acontecimentos desportivos.
Os preços praticados em Portugal são um dos mais caros da Europa, já que tem a 3.ª gasolina mais cara e o 8º gasóleo mais caro. Também temos da electricidade mais cara Europa (saiba mais aqui). Caro para os portugueses, barato para os estrangeiros. Este aumento dos combustíveis, que não é caso único português, pode ser explicado pelo barril de Brent (medida que usamos no continente), que está a ser vendido a 75 dólares. Esta subida de preços acontece a margem dos comercializadores.
A gasolina em Portugal custa 1,669 euros por litro, enquanto o valor do gasóleo mantém-se nos 1,452 euros por litro. Se em 2020 custava 50€ encher o depósito, actualmente o mesmo acto custa 65€. Estes valores fazem com que milhares de portugueses, especialmente os raianos, passem a fronteira para encher os depósitos dos carros ou comprar botijas de gás (e no fim, para adoçarem um pouco a boca, podem comprar uns caramelos). A passagem pela constante que portugueses e espanhóis fazem tem ajudado a desenvolver ambas as economias e o fechamento da fronteira foi muito contestado por todos. A abertura foi saudada por todos com muita alegria.
Durante o confinamento, estes valores estiveram «congelados» e até ao fim do ano continua a não ser possível cortar a luz ou despejar uma família pela mesma não pagar as suas contas. Esta medida tenta controlar a «bomba nuclear» que pode trazer o fim das moratórias bancárias.
Olhando para a vizinha Espanha, o governo de Pedro Sánchez (que fez uma remodelação governamental) pensa subir os impostos sobre os combustíveis, o que faria com que já não fosse tão compensatório este hábito. Os aumentos em Espanha podem ir até aos 20 cêntimos, o que faria com que se aproximem aos preços praticados em Portugal. Antes dos impostos os preços dos combustíveis são bastante semelhantes nos dois países, sendo ligeiramente mais alto no país luso. Se em Espanha a gasolina é mais barata, os atoalhados portugueses destacam-se nas listas de compras. A verdade é que temos coisas muito boas nos dois lados da fronteira e os nossos produtos poderiam ser impulsionados para outros mercados de uma forma conjunta.
A subida dos impostos, o que pode levar a que se deixe os carros nas garagens (isto se os transportes públicos melhorarem, como é óbvio), é uma das formas que os estados têm de ganhar mais receitas. Ninguém gosta de os pagar, é verdade, mas os cofres dos estados estão repletos com o nosso dinheiro e a verdade é que se a economia paralela e a corrupção não tivessem tanto peso a nossa economia podia ser bem diferente. Só nos primeiros quatro meses deste ano, o governo português ganhou 942,3 milhões em impostos.
Os impostos podem ajudar na descarbonização mas este é o último passo que deve ser dado. O primeiro deve ser a conscientização popular para uma prática ambiental sustentável.
Andreia Rodrigues